A crise atual do capitalismo tem as características clássicas de superprodução: queda na taxa de lucros das grandes empresas e índices gigantescos de queda na produção, aproximando a economia de uma depressão

Podemos aprender com o passado. Os dois períodos do século 20 que podemos associar ao que está começando agora são o final da década de 20, os anos 30 (incluindo a depressão de 1929) e o período que sucedeu ao fim do boom do pós-guerra, do fim dos anos 60 até a crise de 1979-1982.

Ambos foram períodos de fortes convulsões sociais, de revoluções e contra-revoluções. Os anos 30 foram marcados pelas revoluções francesa e espanhola, assim como pelo último grande ascenso operário nos EUA. A derrota dessas revoluções pela traição do stalinismo abriu o caminho para a contra-revolução nazi-fascista.

Os anos que seguiram ao final do boom econômico do pós-guerra foram marcados pelo grande ascenso revolucionário de 1968, que incluiu grandes levantes derrotados como o Maio de 68 francês e a revolução portuguesa de 1974, mais uma vez contando com a colaboração fundamental do stalinismo. Ocorreram tentativas de revolução política na Tchecoslováquia e na Polônia, esmagadas pelos tanques russos do stalinismo. Inclui também a primeira derrota militar do imperialismo norte-americano no Vietnã, que gerou a última revolução socialista vitoriosa.

O que a história nos ensina não levaria a uma visão mecânica: “crise é igual a revolução”. Nem sempre as crises são parteiras de revoluções e muito menos de revoluções vitoriosas. Mas, por outro lado, não há revoluções sem crises. O que se abre agora é um período marcado por uma crescente polarização social e política, com viradas bruscas e muita instabilidade.

Basta ver que a crise já gerou uma nova realidade, muito difícil de ser prevista há alguns anos. A eleição de um negro nos EUA é um símbolo histórico. Um país dominado pela burguesia mais contra-revolucionária do planeta, com a base mais importante do imperialismo e seu aparato militar atômico, elegeu Obama para presidente.

Evidentemente se trata de uma manobra preventiva da burguesia dos EUA para trocar uma face desgastada como Bush pelo sorriso de uma figura identificada com os setores oprimidos. Obama vai aplicar a política dessa burguesia com mais possibilidades de êxito que um McCain, uma réplica ainda piorada de Bush. Mas é um fato inédito na história, que só pode ser explicado pelo barril de pólvora em que os EUA estão se transformando pelas consequências sociais desta crise.

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