O fator previdenciário, criado em 1998, força o trabalhador a se aposentar cada vez mais tardeDesde a posse, em 1995, Fernando Henrique não escondeu a intenção de realizar uma reforma na Previdência. O governo tucano, com uma forte campanha de mídia, dizia nas rádios, na televisão e nos jornais que a Previdência estava quebrada e era deficitária – portanto, seria urgente uma reforma para “trazer justiça”. No desespero para aprovar a reforma, FHC chegou a chamar os aposentados de “vagabundos”.

Em 1998, o Congresso Nacional aprovou uma emenda constitucional que atingiu os trabalhadores da iniciativa privada. Nessa reforma, foi substituído o tempo de serviço por tempo de contribuição, foram extintas as aposentadorias proporcionais e foi estabelecida a exigência de idade mínima para se aposentar – homens com 53 anos, mulheres com 48. Também foi criado o fator previdenciário, que é o cálculo do valor das aposentadorias.

O fator traz enormes prejuízos aos trabalhadores, pois calcula o valor da aposentadoria levando em conta a idade, o tempo que contribuiu para o INSS e a expectativa de sobrevida (quanto tempo vai viver depois de se aposentar, conforme cálculo do IBGE).

Essa fórmula leva à redução do benefício que o trabalhador recebe ao se aposentar, após 35 anos de contribuição. Para não diminuir o valor, ele se vê obrigado a trabalhar muitos anos além do que seria necessário pela lei anterior.

Na prática, o fator força o trabalhador a se aposentar cada vez mais tarde. Ninguém mais consegue se aposentar com o valor integral do benefício antes dos 60 anos de idade. Estudo da Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social) indica que em 2005 o fator reduziu em 3,09% as aposentadorias, em média.
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