De um lado temos uma minoria que esbanja luxo e riqueza, carros importados, manjares e mansões. De outro, uma multidão de famintos que cata no lixo a comida para seus filhos.

Na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição brasileira está escrito que todos os homens são livres e iguais. A Igreja prega que todos somos irmãos. Mas, qualquer um pode observar que a sociedade capitalista é marcada pela desigualdade social.

Enquanto uma minoria é livre para voar para os mais belos lugares, conhecer outros povos e países, a maioria se espreme todo dia nos ônibus, de casa para o trabalho, do trabalho para casa.

Como explicar tanta riqueza ao lado de tanta pobreza? Os professores burgueses ensinam que ser rico ou pobre depende do esforço individual; os padres e pastores pregam que isto é a vontade de Deus, e se formos bonzinhos vamos melhorar de vida, seja nesta terra ou no paraíso. Mas, há mais de 150 anos, Marx e Engels, fundadores da teoria do socialismo científico, demonstraram que a desigualdade é conseqüência da divisão da sociedade em classes sociais. Há uma que explora, a burguesia, e outra que é explorada, o proletariado.

Burguesia e proletariado

A burguesia é a classe proprietária do capital e dos meios de produção e de troca: os grandes fazendeiros, industriais, banqueiros e comerciantes. Apesar de ser a minoria da minoria, apenas 1% da população brasileira concentra em suas mãos os recursos necessários à produção: a terra, o gado, as máquinas, as matérias-primas, a tecnologia, os meios de transporte, comunicação e informação, as redes de comércio etc. O único recurso necessário à produção que não pertence à burguesia é a força de trabalho.

O proletariado, quer dizer, a classe trabalhadora, é quem fornece à burguesia a força de trabalho para mover os meios de produção. Os proletários têm como única fonte de subsistência a sua própria força de trabalho, que vendem ao burguês em troca de um salário. Fazem parte desta classe todos aqueles que vivem de salário: o operário, o bóia-fria, o professor, o bancário, o comerciário, o motorista, a empregada doméstica e tantas outras profissões. Aqui, inclui-se também a chamada “classe média”, os médicos, advogados, engenheiros, e outras profissões que ganham um salário mais alto. São proletários também os desempregados, os que estão tentando vender a sua força de trabalho, mas não encontram um burguês para comprá-la, e também os sem-terra, que foram expulsos das fazendas onde trabalhavam ou perderam suas pequenas propriedades rurais.

Ao lado destas duas classes principais, existe também a pequena burguesia: os pequenos proprietários, o dono de um boteco ou mercearia, nas cidades; o pequeno sitiante, o parceiro e o meeiro, no campo.

A degradação das condições de vida faz surgir também o lumpem-proletariado: ladrões, mendigos e outros setores que sobrevivem à margem da sociedade.

A luta de classes é o motor da história

A burguesia explora o proletariado pagando-lhe o mínimo de salário necessário à sobrevivência e se apodera da produção para vendê-la no mercado. Seu objetivo é produzir para lucrar, por isso a lógica do capitalismo é sempre diminuir o salário e aumentar a jornada e a produtividade do trabalho. Hoje, no Brasil, o governo Lula e o FMI querem acabar com as leis trabalhistas para garantir maiores lucros à burguesia nacional e multinacional.

Esta relação de exploração econômica é a fonte da desigualdade social. Para garantir o seu poder econômico, a burguesia constrói o seu poder político, cultural e militar, centralizando no Estado os instrumentos da sua dominação de classe.

Mas, a exploração é também a fonte da luta do proletariado pela sua libertação. Os interesses de classe da burguesia e do proletariado são inconciliáveis e a luta de classes é o motor da história. O governo Lula ataca os trabalhadores porque governa para a burguesia. Não há como governar para duas classes. É necessário um governo dos trabalhadores.

ORIGEM E FIM DAS CLASSES SOCIAIS
O mundo dividido entre ricos e pobres é apresentado como uma “coisa natural que sempre existiu” ou como “vontade de Deus” pelos ideólogos burgueses. Mas a investigação científica já provou que os primeiros grupos humanos, que surgiram na Terra há cerca de um milhão de anos, viviam em coletividades comunistas, onde todos trabalhavam e todos consumiam coletivamente os produtos do trabalho. As sociedades divididas em classes sociais inimigas só existem há cerca de quatro mil anos. O que fez surgirem as classes sociais?

Durante o longo período do Comunismo Primitivo a sociedade era tão pobre, a produtividade do trabalho era tão baixa que apenas se produzia o mínimo necessário à sobrevivência, não havia uma produção a mais, excedente. Qualquer catástrofe natural causava fome e miséria. Por isso, cada indivíduo dependia de que todos trabalhassem e consumissem coletivamente os produtos da coleta, caça, pesca, cultivo e pastoreio.
Com o desenvolvimento das forças produtivas, as novas técnicas de agricultura, a criação de gado, o artesanato, o comércio etc, passou-se a produzir não só o mínimo necessário, mas também uma produção excedente. Isto tornou possível que uma minoria da sociedade pudesse viver sem trabalhar, se apoderando do produto do trabalho feito pelos outros e se constituindo como uma classe exploradora.

Assim surgiu há cerca de quatro mil anos, na Grécia e Roma antigas, uma sociedade dividida entre as classes dos senhores e a classe dos escravos; depois a sociedade feudal, dividida entre senhores feudais e servos; e a sociedade capitalista atual, dividida entre burgueses e proletários.

Se, assim como no passado, o desenvolvimento das forças produtivas gerou o surgimento das sociedades divididas em classes, nos dias de hoje ele torna possível o seu fim.

Hoje, as enormes forças produtivas acumuladas pela sociedade capitalista são capazes de atender as necessidades vitais do conjunto da humanidade. Isto só não acontece porque a produção coletiva feita pela classe trabalhadora é apoderada por uma minoria de burgueses que controla o sistema produtivo mundial a serviço do lucro e não a serviço das necessidades humanas.

Em sua luta contra a burguesia, a classe trabalhadora deve se apoderar dos meios de produção e colocá-los a serviço da maioria, realizando a revolução socialista. O pleno desenvolvimento das forças de produção elevará, enfim, nas palavras de Marx e Engels, a humanidade do “reino da necessidade” para o “reino da liberdade”. Ao se libertar da burguesia, o proletariado enterrará a última classe exploradora e dará início ao desaparecimento das classes sociais.

Segundo Engels, em `Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico`, “Realizar este ato, que libertará o mundo, é a missão histórica do proletariado moderno”.

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