O Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels em 1847, conclui com o chamado: “Proletários de todos os países, uni-vos!”.

Já no seu nascimento, o marxismo levantou a bandeira da organização do proletariado num partido independente e internacional. Esta política se apoiava na análise do caráter mundial da economia capitalista, que se consolidou na época imperialista, com o domínio do mundo pelas grandes potências e empresas multinacionais.

O internacionalismo proletário e a organização dos trabalhadores

Os princípios da independência de classe e do internacionalismo proletário nortearam a formação das principais organizações do proletariado na segunda metade do século XIX e no início do século XX, a I e a II Internacionais.

Em 1914, a direção da II Internacional apoiou as burguesias de seus países na I Guerra Mundial, pisoteando aqueles princípios e dividindo o movimento socialista. Nas palavras de Rosa Luxemburgo, a social-democracia adotara um novo lema: “Proletários de todos os países, uni-vos em tempos de paz e degolai-vos em tempos de guerra”.

No início da guerra, os revolucionários internacionalistas como Rosa, Karl Liebknecht, Lenin e Trotsky ficaram reduzidos a um pequeno grupo. Mas a vitória da revolução socialista na Rússia, em 1917, deu um novo impulso ao internacionalismo proletário, com a formação, em 1919, da Internacional Comunista. A III Internacional se constituiu como um verdadeiro partido mundial da revolução socialista, com um programa revolucionário e regida pelo centralismo democrático.

A ascensão do stalinismo na União Soviética levou à degeneração da Internacional. A “teoria” do socialismo em um só país negava o caráter mundial da revolução, afirmando que o socialismo poderia ser construído isolado na URSS. A III Internacional tornou-se um aparato contra-revolucionário a serviço da burocracia stalinista e da coexistência pacífica com a burguesia e o imperialismo, até ser dissolvida por Stalin, em 1943, atendendo às imposições do imperialismo inglês e norte-americano, aliados da URSS na II Guerra Mundial.

Segundo Nahuel Moreno, fundador da LIT – Liga Internacional dos Trabalhadores, este foi o maior crime do stalinismo, uma derrota histórica do movimento operário.

A IV Internacional, fio de continuidade do marxismo revolucionário

É sobre os escombros da II e da III Internacionais que Trotsky dirigiu a construção de uma nova organização internacional.

De 1923 a 1928, com a Oposição de Esquerda, lutou dentro da URSS por uma política revolucionária para a III Internacional. Já exilado, em 1930, organizou a Oposição de Esquerda Internacional. Em 1933, a política stalinista levou à derrota do proletariado alemão e à ascensão de Hitler. Trotsky concluiu, então, que a III Internacional estava morta, era preciso construir uma nova internacional. No final da década de 30, o estrangulamento da revolução espanhola pelo stalinismo fez acelerar os preparativos para a II Guerra.

Nesta etapa de grandes derrotas do proletariado, o chamado à formação da IV Internacional gerou polêmicas e divisões nas fileiras trotsquistas e nas organizações centristas que rompiam com o stalinismo e a social-democracia.

Em 3 de setembro de 1938, a IV Internacional foi fundada numa conferência em Paris com delegados de dez países: URSS, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Polônia, Itália, Grécia, Holanda, Bélgica e EUA e mais um delegado da América Latina, o brasileiro Mário Pedrosa.

Em resposta aos céticos, que afirmavam que a fundação da IV era “artificial” e que só “grandes acontecimentos” poderiam criá-la, o Programa de Transição, aprovado na conferência, afirmava: “A IV Internacional já surgiu de grandes acontecimentos: as maiores derrotas do proletariado na História”.

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