O presidente Lula, ex-dirigente sindical, preso na época da ditadura, defende o Sim com o argumento que todos os países do mundo admitem restrições aos direitos individuais quando seu exercício pode colocar em risco os direitos ou a vida de terceiros. Além disso, afirma: Contra a proibição, argumenta-se que o cidadão estará desarmado e que ele é o responsável pela sua vida. Esta, no entanto, não é uma responsabilidade individual, mas do Estado detentor do monopólio legítimo da violência e responsável pela segurança pública.
Ou seja, Lula reconhece que o referendo tem como objetivo retirar um direito democrático da população. Mas, para defender o Sim, afirma que o Estado deve ser o detentor do monopólio legítimo da violência.
Nas mãos do Estado
O PT, na sua defesa pelo Sim, diz: O PT vota no Sim por considerar que esta escolha colaborará para a criação de um ambiente político-social de democracia, civilidade e justiça.
Mais adiante, declara: Nos regimes totalitários, desarma-se a população e armam-se as milícias para melhor oprimir os cidadãos. Nas democracias, a defesa da vida está a cargo de forças públicas de segurança legitimamente constituídas e o objetivo do desarmamento é aumentar a segurança do povo.
O PT segue, portanto, a mesma lógica de Lula, dizendo que a segurança só pode estar nas mãos do Estado burguês.
O PCdoB, que teve vários de seus dirigentes assassinados pela ditadura, hoje está no governo, e tem a mesma posição do PT. Em nota, o partido afirmou que A vitória do Sim, isto é, da proibição do comércio de armas e munição, pode permitir que se reduzam os crimes que são praticados por uso irrefletido de armas de fogo. O PCdoB, igual aos demais partidos da campanha pelo Sim, diz que o uso irrefletido das armas é o motivo fundamental das mortes por armas de fogo.
MST e P-SOL
A declaração do MST de apoio ao Sim afirma que o movimento é favorável à proibição do comércio de armas e munição, que vai impedir legalmente o processo de violência que assola a sociedade brasileira.
O P-SOL, até o momento, não divulgou uma posição oficial sobre o referendo. Mas a maioria de seus deputados, como Chico Alencar (RJ), Orlando Fantazzini (SP), João Alfredo (CE) e Maninha (DF) fazem parte da frente parlamentar pelo Sim. João Alfredo é um dos coordenadores da campanha do Sim no Nordeste. Outro deputado do P-SOL, Ivan Valente, não se posicionou oficialmente sobre o tema, mas em sua página da internet, a única posição sobre o tema definida é um artigo de frei Beto a favor do desarmamento. Outros deputados do P-SOL ainda não têm uma posição divulgada sobre o tema.
É muito ilustrativo que a maioria dos parlamentares do P-SOL esteja ao lado do PT e do PCdoB (assim como do PSDB, PDT, PPS, PFL) nesta questão. Esse partido tem muitas diferenças políticas com os outros, mas tem um grande acordo na adaptação à democracia burguesa.
Adaptação à democracia
Em essência, os partidos, parlamentares e movimentos posicionam-se pelo Sim, em defesa da democracia, ou seja, da democracia burguesa e de seu Estado. Por esse motivo, segundo eles, é legítimo que a população seja desarmada e o Estado seja detentor do monopólio da violência.
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