Entre as muitas perguntas que surgiram sobre a captura de Saddam Hussein, duas serão temas absolutamente polêmicos nos dias que virão.
Primeiro, poderia esta captura terminar com a resistência armada contra a ocupação? A segunda pergunta é se o povo aceitará esta humilhação? Horas depois da captura, houve um ataque à polícia iraquiana em Bagdá.

Saddam não pode ter dirigido realmente estas operacões militares, ou comandado a resistência iraquiana armada em geral. Porque, no campo de batalha não está apenas o partido Baath. Pois, a conduta e o caráter colonial da invasão imperialista ao Iraque, fez com que as operações não se restrinjam apenas aos seguidores de Saddam, mas que também incorporou certos grupos, que lutam contra os interesses imperialistas no Iraque e na região. Ali estão os sunitas islâmicos que se sentem ameaçados politicamente, os árabes nacionalistas, Ansar Al Islam (o Exército dos seguidores do Islã), os comunistas, grupos radicais islâmicos que tem laços com a Al queda, grupos que pertenciam ao partido islâmico dos curdos, e outros grupos islâmicos e nacionalistas dos países vizinhos.

O nível da conduta destes grupos, a qualidade técnico-militar dos ataques, a localização e distribuição geográfica dos ataques e o tipo de armamentos utilizados nas operações militares, enfim, todos estes fatores, diferenças e elementos ajudan no marco da interpretação destas operaciones e a resistência iraquiana como um todo, para chegar a conclusão de que a resistência não é de um só grupo ou partido, e não pode ser restrita aos seguidores de Saddam. Portanto, a captura de Saddam não irá reduzir as motivações da resistência contra norte-americanos e seus aliados.

O que querem dizer os norte-americanos com julgar Saddam no Iraque?

A captura de Saddam Hussein deu a Washington outros incentivos para alentar o papel dos conselhos interinos, e reúne a ajuda internacional a seu favor. Este conselho que dará a luz a um “Iraque novo” sob a supervisão do administrador civil norte-americano Paul Bremer. Os americanos querem inclusive impor juizes estrangeiros na comissão jurídica que é responsável pelo julgamento de Saddam. Com a sentença de Saddam no Iraque, os norte-americanos querem evitar uma participação internacional maior, por seu medo de que Saddam possa revelar algum segredo do passado, que arruinará o plano norte americano, também pretendem que seja uma lição para todos os regímes do mundo que estão contra a política norte-americana como Castro e Chavez, que também serve como ameaça para os governantes latinos que todavia não queiram entrar na ALCA, e por outro lado, convencer aos iraquianos de que é necessário reconstruir seu país sob as condições norte-americanas.

Mas os americanos não devem estar tão convencidos de que com a captura de Saddam, terão controle completo sobre a segurança no Iraque.

“Saddam Hussein foi capturado na cidade de Tikrit em um esconderijo subterrâneo, e ele estava muito cooperativo e entregou-se pacificamente“, segundo o comandante das forças americanas no Iraque, general Ricardo Sanchez. Sua captura terá um impacto forte de incentivo de qualquer iraquiano, mas a imagem de saddam no momento da captura era a imagem de qualquerr iraquiano que se sente humilhado pelos invasores, é a humilhação de todos os árabes e é a humilhação dos sunitas, pior quando todos os governos árabes, dão razão aos norte-americanos, e nenhum levanta o dedo para proteger a imagem do povo iraquiano. Ao contrário do que estavam pensando os norte-americanos, pois um iraquiano que nunca procurou dirigir uma bala contra os invasores, hoje estará pensando ou talvez já o fazendo, para salvar sua imagem como árabe e iraquiano, que jamais aceitará este tipo de humilhação.

O que acontecerá depois da captura de Saddam?

A primeira coisa a observar é a resistência iraquiana à ocupação, que sem dúvida, não parará suas atividades, o que implicará novas tarefas sérias aos norte-americanos e seguramente mais difíceis, e desde já vemos hoje como a política imperialista aproveita dos Sheitas em seus pontos políticos-históricos débeis, para organizá-los em milícias que lutam ao lado da polícia iraquiana contra a resistência armada, dando-lhes um papel político, que lhes fará cair em sua própria armadilha. As manifestações diárias dos Sheitas em favor da pena de morte para Saddam, e por outro lado as manifestações dos sunitas que defendem Saddam, e que na realidade se sentem ameaçados pela maioria Sheita que coopera con os invasores, estes acontecimentos mostram a situação difícil no Iraque.

O próximo período mostrará em que medida esta política terá êxito à luz do avanço da resistência armada. Tudo aponta que os defensores de Saddam aumentarão nos próximos dias, eles em realidade são os que preferem a ordem e a segurança de Saddam à ameaça dos norte-americanos e a instabilidade.

Os norte-americanos estão armando os Sheitas para dar início a uma guerra civil no Iraque que seria para eles – norte-americanos – a única solução para acabar com a resistência, tomando exemplo a guerra civil no Líbano. Tudo até o momento indica o contrário, porque a maioria dos iraquianos que são contra a ocupação e os que se sentem ameaçados tendem a incorporar-se nos grupos de resistência, todo o povo se sentirá responsável e assumirá o compromisso da luta pela libertação nacional, que é um processo natural da luta dos povos pela libertação nacional.