O ciclo histórico de PT/CUT acabou-se, e um novo está começando. Novas organizações poderão ocupar esse espaço. A Conlutas já está se afirmando como alternativa à CUT, com os atos em Brasília de 16 de junho do ano passado e o do último 17 de agosto.
Mas existe uma outra questão: quem ocupará o espaço partidário do PT? Muitos ativistas, que fizeram sua experiência com esse partido, colocam a questão a partir de outro ângulo: é preciso uma opção por um partido? Não é melhor ficar independente? Ou ainda, muitos que têm simpatias pelo PSTU nos perguntam: vocês não se transformarão em um PT?

Muitos ativistas não vêem a necessidade de um partido. Alguns só enxergam a luta imediata que estão vivendo, seja uma greve ou um ato, etc. A maioria só relaciona partido político às eleições, à busca de votos. Como rejeitam corretamente as eleições, rejeitam também os partidos.

Nós respeitamos esses ativistas, que, em geral, estão conosco nas mobilizações diretas. Mas queremos discordar dessa visão, e explicar por quê. Em primeiro lugar, as lutas imediatas, apesar de muito importantes, não decidirão o rumo de nossas vidas. Por exemplo, a vitória econômica que tivermos em uma grave vai ser corroída pela inflação. Só mesmo uma revolução poderá mudar a vida dos trabalhadores e da juventude neste país. As lutas imediatas são muito importantes, por seus resultados imediatos, mas principalmente por fortalecerem a consciência e a organização dos trabalhadores e de sua vanguarda para avançar em direção à revolução.

A necessidade da revolução
Exatamente este é o tema sobre o qual os ativistas devem refletir: a necessidade de uma revolução no país. Qual é o objetivo real de suas vidas: ganhar a luta em que estamos metidos no momento, ou fazer uma revolução no país? Para a luta imediata, já seria necessário o partido. Como todos os ativistas podem ver, o PSTU está presente nas lutas, e sua política ajuda a buscar a vitória em cada uma delas.
Contudo, para fazer a revolução no país, é absolutamente imprescindível um partido revolucionário. Não existe na história nenhum exemplo de vitória de uma revolução sem que à sua frente estivesse uma organização revolucionária. A burguesia e seu Estado vão lutar com todas suas forças para derrotar a revolução, e não se pode enfrentá-los desorganizadamente, sem uma organização revolucionária com peso de massas.

Essa também é a resposta para a confusão entre os ativistas, que só relacionam partido político com eleições, com a busca de votos. Essa é, na verdade, uma ideologia burguesa, que deseja identificar a luta política à luta eleitoral, em que só pelas eleições poderia mudar-se o país.

Entretanto não é a proposta do PSTU. Ao contrário de todos esses partidos, o PSTU tem como programa a necessidade de uma revolução socialista. As eleições não resolvem nada, como comprova a experiência prática do PT no governo.

É possível e é absolutamente necessário que os trabalhadores e a juventude vejam a necessidade da luta política, e não a entendam como igual à luta eleitoral. A política também se faz a partir as lutas diretas dos trabalhadores. É nas que os trabalhadores, por exemplo, podem identificar que os patrões, seus partidos, assim como o governo do PT e seus apoiadores são seus inimigos. É a partir das mobilizações diretas (e não das eleições), que os trabalhadores e a juventude vão ter que acreditar em suas próprias forças, e criar seus próprios organismos de luta; e para essas lutas políticas, assim como para as ações diretas, os ativistas vão necessitar de um partido revolucionário como o PSTU.

Por esse motivo, o PSTU privilegia as ações diretas, e não as eleições. Participamos das eleições já que os trabalhadores ainda acreditam nelas, para divulgar nosso programa revolucionário e para apoiar as lutas diretas que existam. Mas o eixo de nosso partido, ao contrário de todos os outros, não é a participação nas eleições, e sim as lutas diretas.

Na contramão
Infelizmente essa não é a opção do P-SOL. Esse partido está na oposição ao governo Lula, e também é de esquerda, mas, como todos os outros, também tem como centro a participação nas eleições. Não por acaso, é dirigido por parlamentares e já nasceu ao redor da candidatura de Heloísa Helena para a presidência. Não por acaso, rejeitou a proposta de incorporar a revolução ao seu programa.

O P-SOL está querendo repetir os passos do PT, e não do PT das origens, mas do período desse partido de antes de ganhar as eleições presidenciais. Os limites de sua “luta contra a corrupção”, são os mesmos limites da “ética na política” do PT antes dos escândalos atuais, sem denunciar a corrupção no capitalismo e a democracia burguesa. Vai acabar repetindo também os passos atuais do PT, ao se integrar ao regime como um todo. Os ativistas podem escolher: se quiserem um partido de esquerda que repita o PT e tenha as eleições como seu eixo, devem ir para o P-SOL; mas, se querem um partido revolucionário, devem se juntar a nós do PSTU.

Fazendo a diferença
O PSTU não será um novo PT. Em primeiro lugar, somos diferentes do PT pelo nosso programa revolucionário. Isso determina nossa prática, nas lutas diretas dos trabalhadores, e não nas eleições.

Não seremos um novo PT porque parlamentares não dirigem nosso partido. Quando tivemos deputados ou vereadores, eles recebiam o mesmo salário que ganhavam antes de serem eleitos, para que não mudassem seu nível de vida. Nunca o partido foi ou será dirigido por parlamentares. Por mais importantes e formados que sejam, inevitavelmente sofrem as pressões do meio parlamentar, que é o terreno da burguesia. Não temos nenhum parlamentar hoje. Os que tivemos e os que possamos ter no futuro serão respeitados exatamente como qualquer militante de base. Poderão influir com suas posições nas discussões internas, mas nunca dirigirão nosso partido.

Não seremos um novo PT, porque não aceitamos alianças nem “doações” da burguesia e seus partidos. O PSTU é sustentado com contribuições de militantes e simpatizantes, sem dinheiro da burguesia ou roubado do Estado.

Não seremos um novo PT, porque já demonstramos que não aceitamos esse tipo de fazer política. Rompemos com o PT quando esse partido começou a ter essas práticas nas prefeituras em 1992. Se tivéssemos como estratégia conseguir cargos e parlamentares, seguiríamos dentro do PT, como fizeram os parlamentares do P-SOL até o ano passado, e a esquerda petista até hoje.
Post author Eduardo Almeida Neto,da redação
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