Protesto no Rio de Janeiro reuniu cerca de 100 mil
Foto: Agência Brasil

17 de junho de 2013 já entrou para a história

100 mil no Rio de Janeiro (RJ), 65 mil em São Paulo, 50 mil em Belo Horizonte (MG), 20 mil em Porto Alegre (RS), 15 mil em Belém (PA), 10mil em Curitiba (PR), 10 mil em Brasília (DF) e muitas outras dezenas de milhares país a fora. Ao todo, doze capitais assistiram protestos e muitas outras cidades tiveram manifestações. Algumas delas foram até os palácios dos governos e do Congresso Nacional, tentaram “tomar as bastilhas” do poder corrupto da burguesia brasileira.  

17 de junho de 2013 já entrou para a história. Não se via no Brasil uma manifestação com essa dimensão há 21 anos, ou seja, desde as grandes manifestações do Fora Collor.  Mas por que o Brasil foi às ruas neste dia 17?  

Sem dúvida nenhuma, o aumento da passagem em São Paulo, realizado por Haddad (PT) e Alckmin (PSDB), ao lado da brutal repressão do dia 13 de junho, foi a faísca que incendiou os protestos.  No entanto, as manifestações expressam um profundo descontentamento que vai desde os primeiros sinais da desaceleração da economia – na qual o repique inflacionário é sem dúvida o elemento mais sentido – até a revolta da população contra o abandono e o descaso dos serviços públicos diante da bilionária roubalheira das megas obras da Copa do Mundo. E, em todos estes assuntos, a culpa é do governo Dilma, do PT.

A desaceleração da economia que se manifesta, entre outras coisas com a inflação, tem minado a sensação de “bem estar” provocada pela estabilidade econômica e ampliação do consumo através do crédito. A inflação vem corroendo o poder de compra dos salários, que já são baixos. Além disso, os salários se tornam mais reduzidos pelas dívidas crescentes acumuladas pelas famílias.  O governo Dilma, por sua vez, responde jogando no lixo o seu suposto “desenvolvimentismo”  (que na verdade, sempre foi o velho neoliberalismo,  associado às políticas sociais compensatórias) para aplicar o velho receituário tucano pautado no superávit primário, juros altos e câmbio flutuante.Em outras palavras, isso significa mais cortes no orçamento da saúde e educação. Significa  mais arrocho salarial e endividamento.  

Esses são elementos de instabilidade, porém não significam que o país esteja à beira de uma recessão. Mas significam que a há uma percepção diferente sobre a economia. Não há mais um “mar de rosas” que o governo supunha existir. Uma das expressões desse processo foi a primeira queda da popularidade da Dilma de 8 % e as vaias contra a presidenta durante a abertura da Copa das Confederações em Brasília.

Tem dinheiro pra Copa, mas não tem pra saúde, educação…
Os governos da direita privatizaram a saúde e sucatearam os hospitais públicos. Os governos petistas fizeram a mesma coisa. A maioria da população (70%) sofre para marcar consultas e fazer exames pelo SUS. Outra parte da população é refém dos mandos e desmandos dos planos privados.

A educação do país se encontra em pedaços. A burguesia condena milhões de crianças e jovens a não terem acesso à educação. O Brasil está em 88º lugar no ranking da educação, entre 126 países, ficando atrás de Honduras, Equador e Bolívia. O salário dos professores é uma vergonha, e quando se mobilizam são tratados com repressão pelos governos.

Toda essa situação contrasta com os bilhões dados às empreiteiras nas negociatas que levantaram os estádios para a Copa. Hoje, os gastos com os doze estádios superam R$ 10 bilhões. O pior de tudo é que o governo Dilma vai fazer com os estádios o que já faz com o petróleo: vai privatizar tudo a preço de banana como já fez com o Maracanã.

Uma Copa corrupta que também foi marcada pelas covardes remoções de moradores pobres em função das obras de infraestrutura.  Está prevista a remoção de 250 mil pessoas das suas casas, segundo o Comitê Popular da Copa – 2014. Uma Copa que colocou a soberania do país nas mãos da FIFA e de suas empresas patrocinadoras, chegando ao absurdo de aprovar uma lei – a Lei Geral da Copa – que suprime a legislação do país e impõe até a censura. Inclusive, a Lei da Copa foi a justificativa para a Tropa de Choque reprimir a manifestação de Belo Horizonte que seguia para o Mineirão. “Aqui só entra com a autorização da FIFA”, disse um coronel da PM.

Quem não lembra da famosa frase de Jerome Valcke, da FIFA, que chegou a dizer que precisaria “chutar o traseiro” do Brasil pra agilizar a dita lei? As manifestações do dia 17 foram a resposta. Foi o “chute no traseiro” da FIFA dada pelo povo brasileiro.  

Protesto Em São Paulo

Tarifa Zero já
PT e PSDB são totalmente reféns da máfia das empresas de ônibus. Suas campanhas eleitorais são financiadas por estas empresas. Segundo dados da própria prefeitura, publicados na página de internet da Revista Exame, o município de São Paulo, em 2013, deve gastar R$ 1,25 bilhão para subsidiar empresas privadas de ônibus. O reajuste de R$ 3,20 foi uma retribuição a essa máfia. O PSTU defende o fim do reajuste já! Também defendemos a Tarifa Zero que não é nenhuma utopia, como tenta nos fazer crer a burguesia. Nos velhos tempos do PT, na época da administração de Erundina (1989-1992), se discutiu um projeto de Tarifa Zero, pago através do aumento progressivo dos impostos dos mais ricos.

Repressão aumenta em todo o país
Há uma visível ofensiva da burguesia e dos governos contra o direito à manifestação e protestos. O governo Dilma e os governos estaduais reprimem greves de trabalhadores (como a dos operários de Belo Monte), manifestações indígenas (Terenas, no Mato Grosso do Sul) e, agora, qualquer tipo de manifestação contra os gastos da Copa e contra o aumento do transporte.  Como foi feito na África do Sul, sede da Copa anterior, o governo Dilma tenta impor um retrocesso aos direitos fundamentais da população.  

Dilma assim não dá! O povo vai continuar na rua!

O povo vai seguir na rua. Novas manifestações já estão sendo marcadas por todo o país. O PSTU estará em todas elas exigindo:

– Revogação dos aumentos das passagens!

– Abaixo a repressão! Em defesa do direito de mobilização! Punição para os mandantes da repressão!

– Unificar as lutas em um dia nacional contra o aumento dos transportes e a repressão!

– Pelo transporte público e gratuito! Estatização dos transportes!

– Pela desmilitarização da PM! Fim da tropa de choque!

– Dilma, congele os preços dos alimentos e tarifas!

– Dilma, revogue as privatizações dos estádios como o Maracanã!

– Pela suspensão dos leilões do petróleo! Petrobrás 100% estatal!

– 10% PIB para educação!

– 2% do PIB para o transporte!

 

LEIA TAMBÉM:

Mapa das mobilizações que tomaram o país nesta segunda-feira