O capital financeiro é o setor mais importante e influente do país. Foi assim com os governos anteriores, como o de FHC, e é assim com Lula.

Quando falamos de capital financeiro, não estamos nos referindo somente aos bancos, mas de sua junção com outros setores do capital como as grandes indústrias. No capitalismo moderno, os bancos têm parte importante do controle acionário das outras grandes empresas. Além disso, os departamentos financeiros das empresas têm uma enorme importância. Esses setores atuam na captação de empréstimos para financiar sua produção, as compras de seus clientes e na especulação financeira, obtendo grandes lucros, que são, muitas vezes, maiores do que os obtidos com a produção. Algumas empresas ampliam esse departamento financeiro, a ponto de criar bancos próprios, como é o caso da GM, da Volkswagen e da Votorantin.

A separação que a esquerda reformista faz entre o “capital produtivo” (empresas interessadas em produzir) e o “especulativo”, não corresponde à realidade, porque existe uma fusão cada vez maior entre os bancos e as outras grandes empresas.

Existem também bancos especializados em especulação financeira, como o Opportunity, que rapidamente, se apoderaram de grandes empresas privatizadas, como foi o caso da Telebrás.

Além de controlar a economia, esse setor dirige diretamente o conjunto do país, por estar à frente da política econômica dos governos, seja de FHC ou de Lula. O mecanismo é conhecido: em primeiro lugar criam relações estreitas com os partidos pelo financiamento das campanhas eleitorais. O Itaú e o Unibanco, por exemplo, foram grandes doadores da campanha eleitoral do PSDB em 2002 e agora, em 2004, também do PT.

Depois, cobram a fatura, impondo seus representantes na condução direta da política econômica do governo. Henrique Meirelles foi presidente do BankBoston antes de ser presidente do BC. Não foi por acaso que Lula elevou Meirelles à categoria de ministro de Estado, para protegê-lo de qualquer investigação das falcatruas que ele faz, como qualquer banqueiro.

Por outro lado, existe todo um setor de ex-burocratas sindicais do PT, com Gushiken à frente, que se transformaram em burgueses, ligados aos Fundos de Pensões das estatais, que são partes do capital financeiro.

As decisões da política econômica – como a atual elevação dos juros – interessam diretamente aos banqueiros. É como colocar os Irmãos Metralha controlando o cofre do Tio Patinhas.

Um exemplo claro de quanto rendem essas decisões, são os lucros dos banqueiros com os títulos públicos. É um empréstimo com pagamento garantido, com juros altíssimos. Um banco pode conseguir um capital no estrangeiro, pagando juros de 1% ao ano e emprestar ao governo cobrando 16,25%. Sem nenhum esforço, sem produzir nada e sem nenhum risco, uma verdadeira mamata. Só no primeiro semestre deste ano os lucros dos bancos com esses títulos foram de R$ 33,6 bilhões. Ou seja, o governo deu para os bancos no primeiro semestre deste ano, como juros desses títulos, mais do que o Orçamento anual do Ministério da Saúde (R$ 33 bilhões).

Os banqueiros aumentaram seus lucros de forma escandalosa, emprestam ao governo com juros altíssimos, e risco zero, e ainda reduziram à metade os impostos que pagam. Este é o verdadeiro espetáculo do crescimento do governo Lula: a farra dos banqueiros.
Post author Eduardo Almeida, da redação
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