Existe uma campanha internacional dos governos e da grande imprensa afirmando que o pior já passou. A crise econômica já estaria terminando, abrindo caminho para a retomada do crescimento. No Brasil, o governo Lula é entusiasta dessa campanha. Será isso vNúmeros dos Estados Unidos revelam piora da crise
Vejamos a realidade. Os números dizem que a crise se aprofunda. O que determina a evolução da economia mundial é a situação dos países imperialistas e, mais precisamente, de suas indústrias. Por aí se pode ver que, longe de qualquer recuperação real, a crise se aproxima de uma depressão parecida à de 1929.

Em 2008, a queda da produção industrial foi de 10% no coração do imperialismo e da crise, os Estados Unidos. No quarto trimestre do mesmo ano, quando a crise explodiu com clareza, a queda do PIB como um todo nos EUA foi de 6,2%, e a produção industrial caiu 11,5%.

Mas a situação poderia ter melhorado este ano, como afirmavam os governos no final de 2008. Lembram-se das previsões de que em março tudo melhoraria? Pois bem, nos EUA, neste primeiro trimestre, a situação se agravou. A queda no PIB foi de 6,1%, e a da produção industrial foi de 20%, números claramente sugestivos de depressão.

A concordata da Chrysler foi por si só um símbolo. Trata-se da primeira das grandes automobilísticas a entrar em concordata, no que pode ser seguida pela GM. A proposta desta última para evitar a falência é na prática uma nacionalização disfarçada, junto com mais um brutal ataque aos trabalhadores (redução dos planos de saúde).

Europa e Japão estão afundando
A Europa vive uma situação ainda pior, inclusive por ter seus bancos diretamente envolvidos na quebra de países do Leste Europeu.

A produção industrial em 2008 caiu 12% na Alemanha, 9% na Inglaterra e 21% no Japão.

Neste primeiro trimestre, a situação europeia também piorou com a Inglaterra tendo queda do PIB de 1,9% (-6,2% na produção industrial), com previsão para o ano todo de desabar 4,1%. É a primeira vez desde que a medição foi instalada, em 1948, que existe queda do PIB de mais de 1% em dois trimestres sucessivos neste país.

Na Alemanha, no primeiro trimestre, houve diminuição do PIB de 1,4%, e a previsão para o ano todo é de queda de 6%. A estimativa da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) é de queda da economia na região de 4% este ano.

No Japão, a queda na produção industrial em 2009 foi de 10% em janeiro e 9,4% em fevereiro, com uma leve recuperação de 1,6% em março. O FMI prevê uma queda no PIB mundial em 2009 de 1,3%, a primeira em 60 anos.

E os BRICs?
E os chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que poderiam ser os motores da economia se houvesse queda nos países imperialistas?

A China vive uma desaceleração muito forte, baixando seu crescimento em mais da metade (13%, índice de 2007, antes da crise) para 6,1% neste primeiro trimestre.

A Índia teve a primeira queda consecutiva na produção industrial em dois meses (dezembro e janeiro) em 16 anos. Já a diminuição prevista para o PIB da Rússia é de 6,1% em 2009. Mas pode ser bem pior: no primeiro trimestre foi de 9,5%, e a previsão para o segundo é de queda entre 8,7% e 10%.

Veremos o Brasil à parte. Mas a previsão do FMI para a América Latina é de queda no PIB de 1,5%, com desempenho pior dos países com maior peso exportador. O México deve cair 3,7%, seguido da Venezuela e do Equador.

Queda no comércio internacional
O comércio internacional sofreu uma violenta queda entre novembro e janeiro de 17,5% em volume (taxa anual de 44%) e 22% em valores. É a primeira queda no comércio internacional desde a Segunda Guerra Mundial. Neste primeiro trimestre, a crise segue com diminuição em valores de 22,7%.

A previsão do FMI para o ano todo é de uma queda de 11%, e a da OCDE de 13,2%, o pior resultado desde 1945. A estimativa do jornal Financial Times é de que a queda no fluxo de capitais nos países semicoloniais seja de 82%.

O crescimento do desemprego é avassalador. A previsão da OIT é de perda de 50 milhões de postos em 2009, chegando ao total de 230 milhões de desempregados. Nos EUA, se perdem 600 mil empregos a cada mês. Na Espanha, já existe um índice semelhante aos latino-americanos, com 17,36% de desempregados neste primeiro trimestre.

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