Lenin, na Praça Vermelha

Cremos que, para levar adiante esses processos revolucionários, é necessário um partido operário revolucionário, construído segundo o modelo proposto por Lenin. Esse modelo hoje foi deixado de lado pela maioria da esquerda. Para esse abandono, em alguns casos, se considera que o “partido leninista” é a caricatura burocrática que os stalinistas defendiam. É um erro completo: o partido leninista e o partido stalinista são modelos totalmente opostos. O primeiro tenta ser a ferramenta da vanguarda revolucionária para dirigir a classe operária para a tomada do poder, a construção de um Estado operário e a revolução socialista internacional. O segundo é a ferramenta da burocracia para controlar a classe operária e impulsionar a contra-revolução.

Em outros casos, diz-se que o modelo leninista “envelheceu” e perdeu sua vigência. Por exemplo, atualmente, estão na moda os chamados partidos anticapitalistas. Muitos lutadores os vêem como uma saída estratégica ou como um fenômeno progressivo e simpatizam com eles porque mantêm em seus programas o objetivo do socialismo, reagrupam correntes marxistas dispersas etc. Não concordamos com essa visão. Em primeiro lugar, em seu interior, coexistem tendências revolucionárias, centristas e reformistas. No Brasil, o P-SOL é um exemplo recente e evidente disso. Em segundo lugar, em geral, sua principal atividade é a participação eleitoral e, freqüentemente, conseguem vitórias nesse terreno, elegendo parlamentares. Também podem construir-se nos sindicatos, no movimento estudantil, entre os intelectuais e no movimento popular. Mas é claro que seu traço distintivo é que não se propõem a tomar o poder pela via revolucionária: não se constroem como ferramentas para essa tarefa. É lógico que seja assim: ao coexistir em um mesmo partido reformistas e revolucionários, o programa, os objetivos e as tarefas desse partido só podem ser reformistas porque, caso contrário, os reformistas sairiam do partido.

Por isso, esse tipo de partido não responde às necessidades mais profundas das massas: não podem enfrentar o imperialismo de forma conseqüente e, muito menos, a seus agentes no movimento operário, as burocracias sindicais, os governos de Frente Popular etc. Não são partidos que possam colocar-se como alternativa válida para alcançar a vitória dos grandes levantes revolucionários.

Nós reivindicamos o modelo de partido revolucionário construído por Lenin (adotado como próprio por Trotsky): o Partido Bolchevique, que foi capaz de ganhar a direção das masas russas, dirigir a revolução à vitória, encabeçar a construção do primeiro Estado operário da história e colocá-lo a serviço da revolução mundial. De modo muito resumido, podemos definir seus traços centrais como um partido que defende (ou melhor, tem como estratégia) a via revolucionária para a tomada do poder pela classe operária e seus aliados; que tem como eixo de seu programa a ditadura revolucionária do proletariado e se organiza com centralismo democrático (a mais ampla democracia na discussão interna, a mais férrea centralização na intervenção nas lutas). Finalmente, é um partido que se constrói como parte de uma organização internacional, um partido da revolução mundial. Contra todo o “vendaval oportunista” da maioria da esquerda, este continua sendo o nosso modelo de partido.

Post author Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (www.litci.org)
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