Muito se falou (e comemorou) sobre a importância de trazer a nona edição do Fórum Social Mundial para a Amazônia. Mais especialmente, à cidade de Belém (PA). Logo, a cidade ficou em polvorosa e começaram as discussões de como preparar Belém para um evento do porte do Fórum. As expectativas era reunir algo como 90 mil pessoas.

Muitos acreditavam que o Fórum seria um espaço democrático, mas o governo petista de Ana Júlia tratou de diluir essas ilusões. Primeiro, realizou reuniões de gabinete, sem a presença das comunidades para preparar a cidade e a organização do evento. Posteriormente, cobrou preços variáveis para se participar do Fórum e dos espaços que compõem o evento. Em outras palavras: excluiu a população.

Só tem acesso ao Fórum e suas atividades quem estiver credenciado. Para se credenciar individualmente, o preço era de trinta reais. A grande parte da população ficou de fora de qualquer discussão e do próprio Fórum. Para piorar, a maioria dos eventos do Fórum ocorre em espaços das universades públicas, como a UFRA, UFPE e UEPA, aonde está instalado o acampamento mundial da juventude. Sem pagar, não se pode sequer participar do acampamento.

Tal política gerou uma situação esdrúxula. Qualquer pessoa pode entrar nas dependências das universidades públicas, menos nesses dias de Fórum. Para se ter uma idéia do que pensa o governo Ana Júlia da participação popular, um dos organizadores do Fórum, sem qualquer pudor, chegou a dizer: “Por que o Fórum deveria ser aberto a todos? A universidade não é para todos, só entra quem passa no vestibular“.

Esse é o tal “governo popular” de Ana Júlia e o “outro mundo possível” da direção da organização do Fórum. Um governo na verdade hipócrita, elitista, segregador que exclui a grande maioria da população de Belém das discussões do Fórum Social Mundial que, democrático e para todos, não tem nada.