As eleições municipais estão mostrando mais do que uma disputa entre PT e o PSDB para saber quem vai gerenciar os planos do FMI no país. Estão mostrando, também, uma mudança qualitativa da base social do Partido dos Trabalhadores.

Que o PT já vinha num processo de degeneração há muitos anos, fruto da sua adaptação ao regime, não é nenhuma novidade. No entanto, depois que chegou ao governo federal, para seguir aplicando o neoliberalismo, provocou uma decepção entre milhares de trabalhadores que esperavam uma melhoria de suas vidas com Lula no governo. A partir daí, o PT começa a perder força entre os setores mais organizados da classe trabalhadora.

Na greve dos bancários, por exemplo, o governo optou por defender os astronômicos lucros dos banqueiros, atacando os bancários em greve com ameaças de cortar salários e com medidas repressivas, como a utilização da polícia e do tal ‘interdito proibitório”. Contudo, a categoria compreendeu a estratégia do governo petista, derrotou suas manobras e de seus sindicatos, e o resultado de tudo isso é o enorme desgaste do governo, dos seus sindicatos governistas e, principalmente, do “novo PT” na categoria.

Os bancários sempre foram parte da base sindical e eleitoral do velho PT, muitos votavam massivamente em seus candidatos, mas hoje pode se dizer que houve uma ruptura da categoria com esse partido. No ano passado, isso já tinha ocorrido com o funcionalismo federal na greve contra a reforma da Previdência.

No primeiro turno das eleições, o PT perdeu importantes cidades industriais, com uma forte presença do movimento operário e de setores organizados da classe trabalhadora. Foi derrotado na maioria das cidades operárias do ABC paulista, em Campinas, São José dos Campos entre outras. Agora tudo indica que poderá ser derrotado em São Paulo, cidade mais importante do país, e em um de seus redutos históricos como Porto Alegre.

Tudo isso indica que o PT está perdendo sua tradicional base nos batalhões organizados da classe trabalhadora e começa a depender cada vez mais – graças a uma série de políticas assistencialistas e clientelistas – dos setores menos organizados da população, para manter sua base eleitoral.

Ao se tornar mais um partido da burguesia brasileira, pouco a pouco as principais categorias organizadas dos trabalhadores estão rompendo com o “novo PT”.
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