O argumento mais recente dos que defendem o descolamento do Brasil é o de que o crescimento do mercado interno vai compensar a queda nas exportações. Um dado concreto que embasa esse argumento é o crescimento do PIB em 2007, ancorado principalmente pelo aumento no consumo das famílias.

Tal resultado, porém, não refletiu um aumento significativo na renda dos trabalhadores, e sim a expansão do crédito. Empréstimos e financiamentos de longo prazo, possibilitados pela relativa estabilidade econômica e juros baixos, fizeram com que o consumo também aumentasse. Maior expressão disso foi o chamado crédito consignado, empréstimo cujas parcelas são descontadas diretamente na folha de pagamento.

Em dezembro de 2007, o volume total de crédito consignado chegou a R$ 64,4 bilhões. O consignado já representa quase 60% de todo o crédito pessoal. No entanto, o cenário de estabilidade que permitiu esse crescimento vai mudar em breve.

A bolha do crédito
Assim como os financiamentos do mercado imobiliário nos EUA causaram uma bolha de consumo e crescimento, estourando logo em seguida, o crédito consignado no Brasil e o crescente endividamento das famílias podem ter o mesmo efeito.
“Não me surpreenderia se em um ou dois anos consumidores brasileiros ficassem sem condições de pagar dívidas contraídas nos últimos anos”, chegou a declarar o diretor do Departamento de Relações Internacionais e de Comércio, Roberto Gianneti da Fonseca.

“Não descarto o fato de o crédito consignado, acabar levando à falência do consumidor, que não deixa de pagar a geladeira que comprou com o crédito consignado, mas deixa de pagar o médico, as contas pessoais”, alertou.

Post author
Publication Date