A proposta imperialista para a paz entre o Estado Sionista de Israel e o novo governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) visa estabelecer uma nova ordem para consolidar seus interesses na região junto aos interesses do sionismo

Em 1991, os governos capitalistas inspirados pela política do Estado Sionista de Israel, que protege seus interesses no mundo árabe, conseguiram reunir sionistas e representantes palestinos da Organização para Libertação da Palestina (OLP), em Oslo, para negociar um acordo de paz.

Neste acordo ficou estabelecida a criação de um Estado Autônomo Palestino governado pela ANP, sob o controle do governo de Israel. A OLP aceitava um controle limitado de uma pequena parte de seu território – Gaza e Cisjordânia – em troca do reconhecimento do Estado Sionista de Israel sobre seu solo pátrio.

Para os sionistas, a “paz” significa somente uma trégua da luta palestina pela retomada de suas terras. Tal como ocorreu em 1948, quando os exércitos árabes entraram na Palestina para derrotar o recém-criado Estado artificial de Israel e conseguiram chegar até Tel Aviv, mas acabaram aceitando o pedido de trégua dos sionistas.

Esta “trégua” durou três semanas, permitindo a reorganização sionista e a vinda de grande volume de armamentos dos países europeus e da Rússia stalinista, levando à derrota histórica dos exércitos árabes.

Agora, uma vez mais o “invencível” exército sionista, que não consegue parar a resistência do povo palestino, busca um “acordo”, uma nova trégua com objetivo de deter a resistência palestina.

O que querem é o fortalecimento político, econômico e militar de Israel para reiniciar sua ofensiva contra o povo palestino. Com este acordo, a OLP repete o erro histórico dos governantes árabes de 1948, que permitiu o massacre do povo palestino.

A nova proposta

Depois das ocupações do Afeganistão e do Iraque fica clara a determinação imperialista de controlar diretamente o petróleo e remodelar o mapa do Oriente Médio. O objetivo do “plano de paz” é paralisar a heróica Intifada , que representa a mais alta expressão de luta do povo palestino e árabe, e uma fonte de inspiração para todos os revolucionários do mundo.

A Intifada ameaça a estabilidade na região, os interesses imperialistas e a própria existência do Estado de Israel. A estabilidade dos governantes árabes traidores também depende do fim da Intifada, pois esta extrapola as fronteiras da Palestina, expandindo-se para os países vizinhos e promovendo um avanço histórico na luta dos movimentos populares e revolucionários árabes.

Perante estes novos e importantes acontecimentos, o imperialismo determinou um necessário acordo de paz na região (“Road Map”, ou “Mapa da Estrada”) que não é outra coisa que a recolonização do mundo árabe. A proposta exige o fim da Intifada e o levantamento dos assentamentos instalados na gestão de Sharon.
A proposta foi apresentada ao novo primeiro-ministro do “governo” da ANP, Abu Mazen, e aceita na totalidade. Nenhum de seus pontos foi contestado. No entanto, o fascista Sharon, mesmo se dispondo a retomar as negociações, rechaçou vários pontos. Para Sharon, a trégua histórica serviria para derrotar a Intifada e retomar o plano sionista de ampliar suas fronteiras.

Entre os fracassado Acordo de Oslo e “O Mapa da Estrada” não há nenhuma diferença de conteúdo. Ambas querem deter a resistência palestina que significou 55 anos de luta permanente que não foi detida pelos primeiros acordos de paz, apesar de várias intervenções diplomáticas dos governos capitalistas.

Agora colocaram no governo da ANP os opositores da Intifada. O plano divide tarefas entre o imperialismo e Abu Mazen e Yasser Arafat. O primeiro atuará politicamente negociando com o inimigo sionista e o segundo, como chefe da segurança, facilitando as intervenções do exército sionista em Gaza e Cisjordânia para eliminar os líderes da Intifada como primeiro passo para a sua destruição.

Quem terá que dar o primeiro passo para a implantação da nova proposta?
A resposta é difícil. Os sionistas não podem renunciar aos assentamentos construídos depois de Oslo sob pena de criar conflitos dentro do Estado Sionista. O recém-formado governo da ANP, que ainda está em processo de prova, tem grandes problemas: Abu Mazen sabe muito bem que o povo palestino não vê solução na paz com o inimigo e, por isso, apoia a Intifada.

O velho Yasser Arafat cumpriu com a tarefa imposta e aceitou assumir a responsabilidade do fracasso dos acordos de Oslo. Talvez nos próximos meses veremos Abu Mazen ocupando o mesmo lugar do Arafat após o inevitável fracasso na sua tarefa.

O `MAPA DA ESTRADA`

Ou seria “A Estrada do Mapa”? A nova proposta imperialista para a “paz” está apresentada desta vez com um título muito claro e simples. Para não confundir as idéias de quem não consegue enxergar até o momento os massacres, a fome e a miséria cometidos pelo sistema capitalista ao longo da história da humanidade e que ainda crê na paz – de um ponto de vista imperialista – como solução.

Realmente, a proposta significa o caminho para remodelar o mapa do Oriente Médio. Parte do plano expansionista do sionismo na região, que tem por objetivo ampliar as fronteira para estender seu domínio desde o Nilo, no Egito, até o rio Eufrates, no Iraque. Desde os acordos de Camp David em 1978, o inimigo sionista ainda não aprendeu que a resistência do povo palestino não cessará. E que a luta continuará pela libertação de todo o território ocupado da Palestina.

Nem Abu Mazen, nem Bush, nem Sharon conseguiram compreender que a Intifada é apenas uma forma da luta histórica do povo palestino.

Post author Raed el Arabi,
da União da Juventude Árabe para América Latina (UJAAL)
Publication Date