Políticos enriquecem com altos salários e relações com empresas, bancos e empreiteirasGrande parte da aversão aos políticos que a população sente hoje em dia vem da visão de que o parlamento e as eleições servem como trampolim para o enriquecimento pessoal. Pesquisas revelam que esse pensamento está longe de ser um mito ou preconceito. Levantamento recente realizado pela ONG Transparência Brasil aos dados do TSE mostra que os principais candidatos das capitais ficaram 46% mais ricos nos últimos dois anos.

A pesquisa avaliou o patrimônio de 180 vereadores de capitais e 255 deputados federais, senadores e deputados estaduais que disputam prefeituras e vice-prefeituras. O crescimento do patrimônio foi constatado através da declaração de bens à Justiça Eleitoral, ou seja, levou-se em consideração apenas o que o próprio político declarou. Segundo esses dados, só os deputados e senadores que concorrem este ano enriqueceram 50% de 2006 a 2008.

Salários indecentes
Se na esfera federal são bem conhecidos os altos salários de senadores e deputados, nos municípios não é diferente. Para se ter uma idéia, o prefeito de Curitiba (PR) recebe R$ 23,9 mil ao mês. Ao final de um ano, contando com o décimo terceiro, o prefeito terá ganho mais de R$ 310 mil, fora os benefícios. Os vereadores da capital do Paraná recebem R$ 7.155 e aprovaram recentemente o aumento dos próprios salários para o ano que vem. Os parlamentares que se elegerem ou reelegerem este ano irão receber a bagatela de R$ 9.280.

Já o salário do prefeito da capital do Maranhão, São Luís, é de R$ 19,1 mil. O estado concentra o maior número de municípios com os mais baixos IDH´s do país. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) considera variáveis como saúde, saneamento e educação. Em Manaus, o prefeito recebe nada menos que R$ 18 mil. A capital do Amazonas tinha, em 2000, 35,2% de sua população em situação de pobreza, ou seja, sobrevivendo com renda per capita de R$ 75,5, a metade do salário mínimo da época.

Os altos salários, porém, não são exclusividade das capitais e grande cidades. O prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, tem um salário de quase R$ 16 mil. Cury liderou nos últimos meses uma frente com parlamentares, empresários e a Igreja em defesa do banco de horas da GM e o rebaixamento do piso salarial dos metalúrgicos da planta da cidade.

Benesses do poder
Se os salários dos prefeitos e vereadores já são indecentes, eles por si só não explicam os interesses que estão por trás das eleições. Uma vez no poder, os políticos legislam para quem realmente os elegeu. Empresários, banqueiros e empreiteiras que financiaram suas campanhas.

Por isso, o PSTU é contra o financiamento privado das campanhas eleitorais. Todo o financiamento eleitoral do partido vem de contribuições de trabalhadores, estudantes e simpatizantes. Da mesma forma, o PSTU defende a imediata redução dos salários dos prefeitos e vereadores. O partido propõe que os vencimentos de cargos eletivos não ultrapassem o salário médio de um operário especializado.

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