Uma situação política e social explosiva e uma imensa crise institucional varrem o país. O processo mais avançado se dá em Oaxaca, onde uma greve dos professores transformou-se numa insurreição popular.

Na sua luta contra o governador, Ulises Ruiz Ortiz, a população organizou a APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca), que se transformou, de fato, em um organismo de poder popular, ocupando prédios públicos e rádios, sob a bandeira do “fora Ulises”.

O governo federal de Vicente Fox vacilou durante meses em intervir em Oaxaca e “nacionalizar” o conflito. Temia repercussões negativas durante a disputa eleitoral entre o candidato presidencial de seu partido, Felipe Calderón, e o opositor Andrés López Obrador, do PRD (Partido da Revolução Democrática). Após as eleições, também encontrou dificuldade para esmagar a mobilização, pois o governo viu-se diante de uma profunda crise institucional, iniciada após as denúncias de fraude nas eleições presidenciais. Fox, então, resolveu esperar mais um pouco e, uma vez anunciada a “vitória” do candidato governista, resolveu intervir em Oaxaca, enviando a Polícia Federal Preventiva (PFP) para invadir a cidade no dia 27 de outubro. Hoje, Oaxaca vive uma repressão brutal: centenas de presos, entre eles os dirigentes da APPO, dezenas de mortos e outros desaparecidos.

A luta em Oaxaca criou um problema para a burguesia mexicana e o imperialismo, para com a possibilidade de o exemplo da APPO começar a ser imitado em outros pontos do país. No Distrito Federal, várias organizações estão impulsionando uma Assembléia Popular e também se discute a possibilidade de uma Assembléia de todo o México. Por isso, a repressão busca não só quebrar a luta oaxaquenha, mas também destruir a APPO como referência de um modelo de organização popular.
 
Crise no regime
O outro lado da crise foi a reação contra as fraudulentas eleições presidenciais de 2 de julho que deram a “vitória” para Calderón, candidato da direita tradicional, apoiado pelo imperialismo.

As fraudes foram denunciadas pelo opositor López Obrador. De julho a setembro, a capital foi tomada por protestos que reuniram milhões. As denúncias de fraude, combinada com as mobilizações populares, debilitaram o governo de Calderón, que sequer pôde realizar a cerimônia de posse no Congresso.

Precisamente, para tentar mostrar que não está débil, sua primeira ação foi aprofundar a repressão sobre Oaxaca e a APPO. Isto não é casualidade. Continunado com a política de seu antecessor, de submeter o México a uma brutal colonização por meio do NAFTA, Oaxaca é um “problema” que deve ser rapidamente resolvido.< Post author
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