Seria um grande engano pensar que a crise se limita à esfera da economia. O absurdo econômico deixou evidente uma crise política no país mais poderoso do mundo. Esse descontrole não foi só produto de um governo em fim de mandato.

Um dos exemplos mais gritantes foi o episódio da votação do pacote de ajuda aos bancos. O governo Bush, com pleno apoio dos dois candidatos presidenciais, Barack Obama e John McCain, e das direções dos partidos Democrata e Republicano, foi derrotado numa primeira votação na Câmara.

Hoje em dia, mesmo depois da aprovação do pacote, a crise não cede. O governo Bush, o Fed, o Congresso, ninguém tem controle sobre a situação ou sequer dispõe de mecanismos eficazes para enfrentar a crise.

A crise política não vem de agora. É produto da derrota da ofensiva do imperialismo americano depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Essa ação, encabeçada pelo governo Bush, consistia em atacar todos os países explorados do planeta, principalmente os que detinham grandes reservas petrolíferas ou uma posição estratégica para seu transporte.

A guerra contra o terrorismo serviu como justificativa para o ataque e a guerra contra o Iraque e o Afeganistão. Mas a heróica resistência dos povos iraquiano e afegão levou as tropas dos Estados Unidos e da OTAN a um atoleiro que não permite mais uma vitória militar. A esse fato se soma o fracasso do imperialismo em tentar derrotar os processos revolucionários na América Latina. Também contribuíram para essa derrota a resistência dos trabalhadores imigrantes latinos nos Estados Unidos e a luta dos trabalhadores europeus contra as reformas neoliberais.

A crise política do imperialismo americano influiu decisivamente no desenrolar da crise econômica pelo menos em dois aspectos. Primeiro, porque a resistência do povo iraquiano e afegão prolongou a guerra por mais de cinco anos, obrigando o governo americano a gastar até agora mais de US$800 bilhões no conflito e debilitando a economia do país. Segundo, porque o atoleiro da guerra se traduziu num custo político para o governo Bush, enfraquecendo-o profundamente na hora em que mais precisou enfrentar a crise econômica.

Post author Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI)
Publication Date