O governo e a imprensa oficial brasileira gostam de vender a mineração como um negócio que está ajudando a construir um “ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento” no Brasil. O que eles não dizem, são os custos disso
A mineração é uma atividade de alto impacto social, trabalhista e ambiental. Quando a mineração se instala em uma cidade, as consequências são imediatas. A população aumenta desordenadamente, com trabalhadores atraídos pela ilusão do emprego fácil. Os problemas de transporte, moradia, educação e saúde pública aumentam, pois o sistema não comporta tal expansão. A cidade se torna dependente das mineradoras, que passam a determinar os rumos da política local.

Os trabalhadores da mineração, são o segredo dos altos lucros das empresas. O salário é baixo (em média R$ 1.400 na Vale); o ritmo de trabalho e as metas são intensas, com uma média de 32 viagens de carregamento de minério por trabalhador, a cada 6 horas. O setor é o 1º lugar em acidentes de trabalho e todos os anos acontecem acidentes fatais.

O impacto ambiental é violento. A mineração polui o ar, devido à poeira em suspensão, que causa sujeira e doenças respiratórias; destrói serras e matas, pois as minas a céu aberto precisam desmatar a vegetação existente e recortar o perfil das serras, e mata as nascentes de água, pois utiliza muita água, rebaixando os lençóis freáticos.

Quem ganha são as grandes empresas
Mas se este modelo é tão nocivo para o Brasil, por que ele vem sendo mantido e intensificado? A chave desta questão está na dominação das grandes empresas sobre o setor mineral.

Apesar do baixo valor agregado ao minério de ferro, este negócio é altamente lucrativo para as empresas, gerando um alto retorno, maior até do que os bancos.
O mercado brasileiro é dominado pela Vale (79%), CSN (7,4%) e Anglo American/MMX (3%), que juntas detêm 90% da produção nacional.

A Vale é maior produtora de minério de ferro do mundo, com 119 mil funcionários e presença em 38 países. Ela produz 300 milhões de toneladas/ano, extraindo o minério a um custo de US$20, e vendendo a US$ 190. O retorno médio do investimento da empresa é de 47% (!), chegando a um lucro recorde de R$ 30 bilhões em 2010. Os números das demais empresas, apesar de menos exuberantes, refletem a mesma realidade: a alta lucratividade da atividade mineral.

Além dos altos lucros, as empresas pagam poucos impostos e têm relações íntimas com os governos. Os Royalties sobre a mineração (CFEM) são de apenas 2% sobre o lucro líquido, quando os do Petróleo são de 10%. A mineração é isenta de ICMS sobre a exportação, instituída pela chamada “Lei Kandir”. Mesmo assim, a Vale deve R$ 5 bilhões ao governo, já que não paga o imposto desde 2001.

Por fim, as mineradoras são grandes financiadoras das campanhas eleitorais. É o caso da Vale que foi uma das maiores doadoras da campanha de Dilma (R$ 18,4 milhões de reais) através de suas subsidiárias Vale Manganês, Itabrasco, Kobrasco, Nibrasco, Fosfértil e Ultrafértil. e em troca conseguem isenções fiscais e vista grossa dos órgãos ambientais, que concedem licenças de funcionamento irresponsáveis e ilegais.

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