O governo Lula anunciou a Medida Provisória que libera até 2004 a comercialização da soja transgênica produzida ilegalmente no Rio Grande do Sul. Este ato do governo contraria a legislação brasileira, que considera crime a comercialização de alimentos transgênicos em território nacional.

O governo de FHC também editou medidas parecidas. Mas, em se tratando do governo Lula, ela veio como um golpe e foi recebida com grande decepção por aqueles que dependem da agricultura familiar para sobreviver e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A indignação se estende entre muitos pesquisadores na área de agronomia e ecologia, tanto no Brasil como no exterior, já que pesam sobre os transgênicos graves considerações do risco que oferecem a saúde pública e ambiental.
O que são os transgênicos? E que danos podem causar?

Os transgênicos são quaisquer seres vivos (um microorganismo, uma planta ou um animal) que tenham suas características genéticas modificadas pelo homem, com o objetivo de “melhorar” a capacidade de se adaptarem ao ambiente em que vivem.
Quando produzidas pelas grandes indústrias agrícolas e de alimentos, as sementes transgênicas são criadas para se tornarem mais produtivas e mais competitivas do que as sementes naturais. Por isso são sementes específicas para sistemas de plantio voltados para a monocultura de grandes latifúndios.

Ainda não se sabe quais são os efeitos destes alimentos sobre a população humana, porque sua produção para o consumo humano ainda é recente (menos de 10 anos) e ainda não foram feitos testes suficientes para permitir dizer com segurança que estes alimentos são inofensivos ao homem. Pesquisas nos EUA apontam para a possibilidade de alimentos transgênicos causarem alergias e até câncer de mama. A desconfiança é tão grande que na China e nos países da Europa estão em curso um cronograma de restrições progressivas aos transgênicos.

Estas “supersementes”, são altamente resistentes a pesticidas e pragas e por isso são mais competitivas que sementes naturais, podendo assim causar a extinção de variedades naturais de vários tipos de alimentos. Aumentando assim a monocultura, condenando o homem a viver exclusivamente deste tipo de cultivo.

Ainda, por terem genes pesticidas em seus materiais genéticos, são altamente nocivas não somente a possíveis pragas, mas também a outras espécies que não são prejudiciais as plantações, como o caso descoberto nos EUA das borboletas Monarca, que morrem devido a pesticidas presentes no milho transgênico.

O problema mais importante é que o país atrela totalmente sua produção de alimentos nas mãos das grandes transnacionais, como a Monsanto, principal interessada na legalização da produção, comercialização e do consumo de transgênicos.

A Monsanto já controla toda a soja produzida nos EUA e na Argentina, obrigando os agricultores destes países a pagarem a patente de suas sementes transgênicas e proibindo estes de fazerem usos dos grãos para o replantio, exigindo a cada safra a compra de novas sementes.

A liberação de trasgênicos e o combate a fome

O que realmente interessa a classe trabalhadora e, principalmente, aos pequenos produtores rurais e ao MST é a questão da monocultura. Os transgênicos só existem para servir a produção do grande latifúndio que produz para exportar e não interessam como sistema de produção de alimentos.

É a manutenção do velho modelo das agroindústrias de concentração de terras, que não gera empregos em níveis suficientes, que prejudica o ambiente e que não produz alimentos, mas sim produtos de exportação que vão servir de ração, como é o caso da soja.

Enquanto os latifundiários vinculados ao agronegócio, como o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, são agraciados com a liberação dos transgênicos, o governo Lula diminui o ritmo dos assentamentos.

Nenhum “Fome Zero” acabará com a fome neste país. Somente o incentivo a produção de alimentos com a reforma agrária pode acabar com a fome. Mas o governo parece estar mais preocupado com a balança comercial do país, e quer exportar soja às custas do aumento do desemprego e da miséria no campo.

A SEMENTE TERMINATOR

A Mosanto não conhece limites em sua ganância. Esta empresa, para evitar que agricultores utilizassem os grãos semeados para o replantio, criou uma semente transgênica chamada Terminator que tem no seu material genético genes que estimulam a esterilidade dos grãos, impedindo ao agricultor realizar uma segunda germinação de um mesmo lote de sementes.

Post author Ana Paula Thé,
de São Paulo (SP)
Publication Date