Lula no dia das eleições
Foto Ricardo Stuckert / Agência Brasil

As eleições são uma farsa e estas que ocorreram vão ficar na lembrança como uma das maiores de todas. O PT se apoiou na campanha da mídia sobre o crescimento econômico para obter uma vitória eleitoral.

E é necessário reconhecer que conseguiu, saindo vencedor do primeiro turno. Teve o maior numero de votos (16,3 milhões), quando nas últimas eleições municipais foi o quarto partido (11,9 milhões). Elegeu 400 prefeitos (187 em 2000) no primeiro turno, incluindo os de seis capitais, e está em mais 24 disputas no segundo turno (com nove capitais). Elegeu também cerca de 5.000 vereadores, o dobro das últimas eleições.

O PT é uma máquina eleitoral apoiada em setores importantes da burguesia e na utilização escandalosa e muito eficiente do aparato de Estado. Tem quadros saídos do movimento de massas e está muito bem organizado. Fez uma campanha riquíssima, com mais dinheiro e organização que os partidos da burguesia. Sai da campanha com uma base superior em aparato para as eleições de 2006, seu objetivo principal.

No entanto, o PT pode ter uma derrota importante no Estado de São Paulo, o mais importante do país. Já perdeu Campinas e Ribeirão Preto, e pode perder a capital no segundo turno. O balanço final das eleições só poderá ser feito após esses resultados.

Direita sai fortalecida

O PSDB sai desse primeiro turno também fortalecido como o partido da oposição de direita. Foi o segundo partido mais votado, com 15,7 milhões de votos, e conquistou 861 prefeituras. Com a possibilidade muito concreta de ganhar as eleições em São Paulo, a cidade mais importante do país, terá um balanço muito positivo das eleições. Mais ainda, a dobradinha PSDB-PFL, com Cesar Maia no Rio, terá assim as prefeituras das duas principais capitais.

Nas eleições, o PT e o PSDB se fortaleceram, enquanto PMDB e PFL se enfraqueceram.
Mas são os trabalhadores que perdem, por manterem suas ilusões no PT e na oposição de direita. Acontece que a expectativa de melhoria de vida das massas com o crescimento econômico não vai se concretizar. O modelo neoliberal, mesmo em fases de crescimento econômico, não melhora qualitativamente o emprego e mantém o arrocho salarial. A campanha de mídia sobre o crescimento se transformará em nova frustração.

Da mesma forma, a esperança gerada pelas promessas de educação e saúde dos candidatos do PT e da oposição de direita vai se chocar com a dívida dos municípios e a elevação do superávit fiscal pelo governo, de 4,25% para 4,5%. Isso significa mais cortes nas verbas sociais e arrocho.

Nada disso foi debatido na campanha, a não ser no pouquíssimo tempo do PSTU. Foi uma eleição completamente despolitizada, em que os candidatos diziam exatamente o que os marqueteiros indicavam que as pessoas queriam ouvir.

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