Encontro do G8 indica ampliação do grupo de países mais poderosos do mundoDe 8 a 10 de julho, os países mais ricos do mundo mais a Rússia realizaram na Itália o encontro anual do G8. A cidade de Áquila, recentemente devastada por um terremoto, foi o cenário perfeito para expressar a impotência dos países imperialistas em debelar a maior crise dos últimos 80 anos.

Dando mais um passo na completa desmoralização dos encontros de cúpulas, ao final da reunião, pouco ou nada havia avançado na busca por uma resposta à crise. Os representantes dos Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Itália se limitaram a emitir um comunicado com algumas boas intenções, sem qualquer compromisso de torná-las realidade.

Nem mesmo a propaganda sobre a suposta recuperação da economia mundial encontrou espaço. Apesar de relatar uma reativação dos mercados financeiros, o G8 alertou para “riscos significativos que ainda ameaçam a estabilidade econômica e financeira”. Sinalizaram também, mais uma vez, medidas contra o protecionismo e se comprometeram com a retomada da Rodada Doha, o conjunto de negociações para a liberalização do comércio entre os países.

Um conjunto de factóides
A expressão cunhada pelo prefeito do Rio, César Maia, é a mais adequada para caracterizar as deliberações do encontro. As principais medidas destacadas pela imprensa internacional têm a ver com o combate à fome e ao aquecimento global. Não conseguindo medidas concretas contra a crise, as potências tentaram salvar a reunião com esses temas, dando um caráter de responsabilidade social e ambiental ao evento.

As negociações estabelecem para o G8 a meta de redução das emissões de gases pelos países membros em pelo menos 50% até 2050. Os representantes da cúpula e países como China e Índia também limitaram o aquecimento global em 2ºC. Como vão fazer isso? Esse detalhe não consta no comunicado final do encontro.

Outra medida alardeada pelo grupo é a ajuda de 20 bilhões de dólares em três anos para promover a agricultura dos países pobres e combater a fome. Para fazer uma comparação, até o início de 2009, havia sido gasto algo em torno de 7 trilhões de dólares para salvar o sistema financeiro da falência. Daí pode-se ter uma ideia da verdadeira prioridade das grandes potências.

Abraço de urso
O que mais foi ressaltado, porém, na reunião do G8 foi o anúncio de sua “morte”. Os próprios líderes realizaram discursos defendendo a ampliação do grupo e a incorporação de outros países. “Uma coisa que é absolutamente verdade é que parece ser errado pensarmos que podemos de alguma forma lidar com alguns desses desafios globais sem grandes potências como China, Índia e Brasil”, chegou a dizer Barack Obama. Já o canastrão Berlusconi foi ainda mais enfático e disse que o “G8 não é idôneo”.

Tentou-se, mais uma vez, criar uma ilusão de democratização das decisões, para além do grupo de potências imperialistas. Para isso, foram convidados para o encontro o Brasil, México, China, Índia, África do Sul e Egito. Desta forma, o G8 estaria dando lugar ao “G14”, como a imprensa internacional já chama esse grupo ampliado.

Tal tática, contudo, também nada tem de novo e vem sendo implementada desde o início da crise. Por isso, o Brasil foi chamado a emprestar recursos ao FMI. Tenta-se a todo custo fabricar uma ideia de que os países coloniais e semicoloniais vêm angariando um maior protagonismo nas decisões que afetam a economia mundial. Isso, porém, nada tem a ver com a realidade. Os Estados Unidos continuam sendo a grande potência imperialista hegemônica, e o dólar, apesar dos discursos, a incontestável moeda internacional de reserva.

Os países periféricos não estão sendo chamados a uma maior responsabilidade na condução da política econômica mundial. Estão sendo convocados para pagarem a conta da crise capitalista. E, obedientes como Lula, atendem prontamente ao chamado.