Terminou em grande fracasso a conferência da ONU sobre o clima do planeta, realizada em BaliRepresentantes de vários países buscavam encontrar um acordo que substituísse o protocolo de Kyoto a partir de 2012, data em que o tratado espira, para reduzir a emissão dos gases estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

A causa do fiasco se deu, sobretudo, pela atuação do governo norte-americano. Ao longo de toda conferência, os Estados Unidos procuraram travar qualquer tipo de negociação ou menção aos relatórios do IPCC, divulgados em 2007.

Alguns especialistas defenderam cortar emissões de gases estufa entre 25% e 40% até 2020. A maioria dos cientistas do IPCC julga ser esta meta a mais adequada para evitar um aquecimento acima de 2,5ºC, o que seria catastrófico para a humanidade.

Contudo, a pressão dos EUA fez que tal meta fosse reduzida a uma nota de roda pé do documento final da conferência – o chamado “mapa do caminho”. O documento coroou o espetáculo farsante da conferência que reuniu até os nada ecológicos plantadores de soja brasileiros, como o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi – maior produtor de soja do país.

Maggi e seus amigos produtores de soja são acusados por diversos movimentos ambientalistas de destruírem implacavelmente a floresta amazônica. Também estiveram presentes representantes do Etanol brasileiro, que fizeram muita propaganda do combustível supostamente “ecológico”.

Não faltaram lobistas de um nascente mercado de carbono tentando fazer dinheiro com a suposta proteção de florestas. O mercado dá aos países imperialistas o direito de poluir o mundo, desde que compre (por meio de créditos de carbono) dos países pobres o direito de poluir. O capitalismo quer transformar em mercadoria o direito de poluir.

Quando a realidade cai sobre a cabeça
Enquanto esses senhores aproveitavam a conferência para realizar grandes negócios e o imperialismo travava as negociações, um novo estudo era divulgado. Segundo a OMM (Organização Meteorológica Mundial), a última década registrou as mais altas temperaturas da história.

O ano de 2007, segundo a instituição, caminha para ser o sétimo mais quente desde que começaram o registro das temperaturas, disse Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.

A temperatura média deste ano está 0,41C superior a média dos anos 1961-1990. Além disso, 2007 registrou desastres meteorológicos de excepcional violência. O estudo da OMM confirma a evidência de que o aquecimento global é uma realidade, fruto da atividade humana.

Catástrofe ecológica
A mudança climática é produzida pela lógica predatória capitalista. São várias as evidências coletadas por cientistas que mostram que o aquecimento global é o maior desafio já enfrentado pela humanidade.

A elevação da temperatura do planeta causará a redução de água nos continentes. O derretimento do gelo polar vai acelerar a subida dos oceanos, ameaçando cidades costeiras. Irreversíveis mudanças comprometerão a floresta amazônica. Haverá queda da produção agrícola, sobretudo nos países pobres, e extinção de dezenas de espécies de animais e de plantas.

Uma das principais conseqüências temidas pelos cientistas é a liberação do chamado “permafrost” siberiano. Durante milênios, várias camadas de dejetos orgânicos se acumularam nos solos daquela região. Agora, a mudança climática está derretendo e liberando um imenso estoque de metano (CH4), gás bem mais nocivo que o dióxido de carbono (CO2), ou seja, o derretimento deste gelo provocaria um efeito dominó de conseqüências avassaladoras.

Luta contra imperialismo
Não há como impedir a catástrofe ambiental sem travar uma luta de morte contra o imperialismo.

O principal responsável pela catástrofe ambiental é os EUA, maior emissor de dióxido de carbono (CO2) do mundo. Sozinhos produzem dez vezes mais CO2 per capita do que a média de países como Brasil e Índia. De acordo com o Departamento de Energia do país, de 1990 a 2005, a emissão do gás simplesmente dobrou. Sustentado por uma burguesia petroleira, o governo Bush se coloca hoje como o principal obstáculo para frear o aquecimento global.

Nem mesmo as rebaixadas metas de Kyoto são levadas em consideração pela Casa Branca. O protocolo impõe aos países signatários a redução em 5% , em ralação às medições de 1990, dos gases estufa até 2012. Absolutamente insuficientes para reverter os efeitos do aquecimento.

As ações cidadãs, tão propagadas pela grande imprensa, são estéreis e ocultam intenções reacionárias. De nada adiantaria tais esforços, pois são os países imperialistas e as multinacionais que tomam as decisões políticas que levam à destruição ambiental em grande escala.

O “mapa do caminho” não fornece nenhuma razão para otimismo. Contra o imperialismo e seus governos servis, é preciso articular uma força de oposição radical, sob uma perspectiva socialista. Esta é a única esperança para superar a catástrofe ambiental capitalista.