Saques da agência de Marcos Valério em 2003 foram feitos em nome de aposentado morto em 1999A conjuntura política do país tem sido comparada aos tempos de Collor, pelo fato de que as mobilizações pelo impeachment naquela época começaram pequenas e de vanguarda, como os primeiros protestos contra a corrupção do governo Lula. Mas essa é apenas uma das semelhanças.

Um dos escândalos que motivou a crise do governo de Collor foi a descoberta da utilização de uma conta bancária com titular fantasma para pagar as contas do presidente. PC Farias bancava os luxos da Casa da Dinda em nome de Maria Gomes, que sequer existia.

Como aconteceu com Collor, novos indícios apontam que Lula também tem seu fantasma. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para a CPI dos Correios descobriu que R$ 152.875 foram sacados da conta da agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, por um homem que já morreu. O saque no Banco Rural foi feito em julho de 2003, mas seu responsável, o ferroviário aposentado Jonas de Pinho, morreu em dezembro de 1999.

O filho de Jonas trabalha em outra agência publicitária de Belo Horizonte, a I-3. Tanto em sua casa como no trabalho não ousaram falar sobre o assunto. Apenas seu irmão atendeu a um telefonema da reportagem de O Globo, bastante irritado.

Queima de arquivo

A cada dia vêm à tona mais episódios suspeitos relacionados a Marcos Valério. Documentos de sua outra agência, a DNA, foram encontrados hoje em Contagem (MG), no quintal da casa de Marco Túlio Prata, carcereiro aposentado da Polícia Civil.

Os policiais foram cumprir um mandado de prisão por homicídio e de busca para apreensão de armas. Encontraram dois tonéis com documentos contábeis da DNA. Alguns já estavam queimados, mas outros foram recuperados, inclusive notas fiscais. O irmão de Prata é dono de uma empresa de contabilidade que presta serviços à DNA.