Contra o que opina a maioria da direção da Associação dos professores do Uruguai (Ademu), filial de Montevidéu, e a Federação Uruguaia de Magistério (Fum), que não queriam paralisações, nem um plano de luta, as bases do magistério de Montevidéu impuseram, em duas assembléias numerosas, 48 horas de paralisação no início das aulas e depois paralisações zonais durante 15 dias.

Foi a insatisfação dos professores que passou por cima dessa direção que, como ficou claro, não quer lutar e prefere seguir esperando alguma dádiva para acabar com o conflito. Prova disso é uma carta que chegou às escolas de forma anônima dando argumentos para acabar com o conflito e não para fortalecê-lo e estendê-lo.

Apesar disso, em sucessivas assembléias e zonais, a maioria dos professores votou por continuar o conflito. Isso se deve a que não devemos seguir com o turno dobrado, salários e aposentadorias de miséria e professores suplentes e interinos sem nenhum tipo de direito, ao que se soma a lei de educação que quer impor o governo, que tira sarro de toda elaboração do Congresso de Educação.

O Congresso de Professores votou a meia cesta básica, que são 16 mil pesos (760 dólares). Hoje todos sabemos que apenas os professores ganham a quarta parte da cesta familiar, e o salário líquido de um professor de primeiro grau é de 7.800 pesos (370 dólares).

O Codicen (Conselho Diretor Central), organismo da educação, aumentou a porcentagem a propor em razão da consideração do governo para a “rendição de contas”. Esse será o último aumento por lei até 2011, já que no próximo ano começa a campanha eleitoral. Mesmo assim, devemos ter claro que seguiremos muito longe da meia cesta básica que propusemos para esse período.

Durante o conflito, foram realizadas grandes assembléias com quórum que não víamos há tempo e se organizaram novamento os 15 zonais (que agrupam várias escolas por zonas de Montevidéu).

Essa situação mais que favorável, para aprofundar a luta e a democracia sindical, em coordenação com os demais grêmios de ensino, foi duramente boicotada pela maioria da direção (secretariado) da Ademu Montevidéu. Não só votaram contra todas as paralisações, como travaram de forma sistemática – o jornal sindical não saiu durante todo o conflito – a difusão da luta, o dinheiro necessário e todas as iniciativas de zonais e assembléias.

Mas não só não puderam quebrar o conflito. A maioria do secretariado foi censurada por uma resolução majoritária da mesa zonal departamental, aprovada pela assembléia. O secretariado, que diz se sentir sem respaldo, se retirou das assembléias, ficou com o dinheiro do sindicato, mas até hoje não efetiva sua renúncia, e por isso existe uma grave situação no grêmio.

A mesa zonal departamental, composta pelo novo ativismo, tomou de fato a direção do conflito e esteve à frente da última assembléia, mas se encontra isolada e sem fundos pelas direções traidoras e pelo próprio PIT-CNT, que se negou a recebê-los, como faz o governo.

A mesa zonal departamental, apoiada nas assembléias, deve exigir a entrega imediata dos fundos sindicais e seu pleno funcionamento, porque seu patrimônio é dos professores e não de um grupo de dirigentes burocráticos.

Não nos esqueçamos dos 16 mil que exigimos como salário para os professores de primeiro grau. Não nos esqueçamos das reivindicações dos professores aposentados, suplentes e interinos. Não façamos nenhum acordo que não seja ratificado pela assembléia geral Maria Pintos.

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