A direção do PT arvora como exemplo bem sucedido e modelo a ser seguido no Brasil, durante o governo Lula, o Pacto de La Moncloa. Mas afinal, o que foi e a quem beneficiou o Pacto de La Moncloa?
O Pacto de la Moncloa foi assinado em 25 de outubro de 1977, em uma situação de grave crise econômica e social vivida pela Espanha logo depois do fim da ditadura do general Francisco Franco.
A classe trabalhadora vivia um ascenso que se vê nos números: entre janeiro de 1976 e as eleições de 15 de junho de 1977, mais de 7 milhões de trabalhadores realizaram greves, em um total de 88% dos assalariados da época, com um alto nível de combatividade.
Para acabar com as lutas que ameaçavam uma frágil burguesia que ainda não havia consolidado o regime democrático burguês pós-franco, o governo de Adolfo Suarez propôs um Pacto Social com os representantes dos trabalhadores, contando-se aí o Partido Socialista Operário Espanhol, o Partido Comunista Espanhol e as organizações sindicais União Geral dos Trabalhadores e Comissões Obreras.
Este pacto foi um verdadeiro ataque à classe trabalhadora e permitiu aos empresários despedirem até 5% de seus empregados, primeiro passo para chegar à demissão livre geral (durante a ditadura de Franco, demitir era praticamente impossível). Além disso, o pacto estabeleceu que os trabalhadores daí em diante receberiam seus aumentos salariais até o teto limitado por uma inflação prevista para o ano seguinte, isso é, os reajustes de 1977 não seriam de acordo com a inflação passada, que chegava perto dos 80%, e sim de acordo com a inflação de 1978, prevista em 22% (e que de fato foi de 26,4%). Estas medidas vinham envoltas no discurso do “reparo eqüitativo de sacrifícios”.
Resultado do Pacto de la Moncloa, no final de 1979: o crescimento econômico se reduziu, convertendo-se em estagnação; a inflação continuou alta, houve desequilíbrio nas contas do setor público; não se resolveu nenhum dos problemas estruturais da economia e os trabalhadores perderam sua estabilidade e o poder aquisitivo dos salários.
Post author Américo Gomes,
de São Paulo
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