Nesta semana, as mulheres foram surpreendidas com mais uma declaração preconceituosa, atrasada e de extrema-direita do Presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP).

Segundo este senhor, “o estupro é um acidente passageiro para a mulher e não poderia justificar o aborto”. Seguindo o “estupra, mas não mata” de seu companheiro de partido Paulo Maluf, Severino dá mais uma demonstração da visão que a burguesia tem das mulheres trabalhadoras e pobres que correm risco de serem agredidas todos os dias, quando voltam de seu trabalho, já tarde da noite, nas periferias das cidades, sendo obrigadas a andarem por ruas sem iluminação ou qualquer proteção.

Estas mulheres são hoje 40% da mão-de-obra do país, trabalhando a maioria das vezes sem carteira assinada, sem direito a assistência à saúde, à creche para seus filhos, e muitas vezes pedindo “carona” aos motoristas de ônibus por não terem dinheiro para chegar ao trabalho.

São mulheres que acordam às cinco da manhã e suas jornadas podes durar, entre o trabalho e o serviço doméstico, 18 ou 19 horas.

São as mais prejudicadas pela falta de assistência à saúde da mulher, que as deixa na ignorância sobre sua sexualidade, tendo como única fonte de informação, os programas de televisão machistas, os anúncios de propaganda que as comparam com cerveja, ou músicas, como “um tapinha não dói”, incentivando a violência doméstica.

O sistema capitalista incentiva este atraso, pois desta maneira lucra mais, ao desmoralizar as mulheres trabalhadoras, deixando-as na condição de mão-de-obra barata, prontas para serem exploradas.

E, quando ficam grávidas, através de um estupro, ou pela imposição do homem em não usar camisinha, ou mesmo pela falta de dinheiro para comprar pílula anticoncepcional, são proibidas de abortar, ou mesmo de adquirir a pílula do dia seguinte nos postos de saúde.

Mas, segundo o presidente da Câmara, a mulher, mesmo sendo vítima de um crime hediondo como o estupro, tem que se conformar, se “recolher” e aceitar criar um filho que nunca quis ter.

Nós mulheres do PSTU, nos juntamos a milhares de mulheres de todo o Brasil para repudiar pensamentos e práticas machistas dos governantes deste país, pedindo a imediata legalização do aborto em hospitais públicos e o apoio aos médicos que realizam o aborto legal.