GM demite 450 e Volks ameaça mandar embora mais de 4 mil trabalhadoresEnquanto o ministro do Trabalho Jacques Wagner declara que há mais alarde do drama na questão do desemprego, as principais montadoras do país começaram a demitir ou a ameaçar com milhares de demissões. Os trabalhadores brasileiros, ao contrário do que diz o ministro, estão vivendo não apenas um drama, mas começam a assistir mais um “show de horrores”, ao invés do “espetáculo de crescimento”.

Fiel ao receituário do FMI e, conseqüentemente, cada vez mais atrelado aos interesses dos setores financeiros e patronais — nacional e internacional —, o verdadeiro cenário que o governo Lula tem montado para os trabalhadores é composto pela recessão, o aumento do desemprego e o ataque aos direitos dos trabalhadores.

Enquanto isso, aqueles que lucram, com crise ou sem crise, querem jogar, mais uma vez, os custos nas costas dos trabalhadores, para manter os lucros.
Montadoras querem jogar a crise sobre os trabalhadores para manter seus lucros

Nas “crises”, os fabricantes de automóveis jamais aceitam reduzir sua margem de lucro. Ao contrário, nunca perdem nada e muitas vezes lucram ainda mais. As montadoras demitem sem dó, conseguem isenção de impostos e ainda rebaixam salários e direitos dos que não vão para a rua.

Além disso, seguem remetendo muito lucro para o exterior. Quando o país está crescendo, elas não saem aumentando salários e distribuindo direitos, mas basta haver uma crise, elas propõem PDV (Plano de Demissão Voluntária), dão férias coletivas, querem empurrar o lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) ou simplesmente propõem demissões massivas.

Duas das maiores multinacionais do país, a Volkswagen e a General Motors, acabam de anunciar novos ataques. A Volks divulgou que “será obrigada” a demitir cerca de 4 mil trabalhadores das plantas do ABC e Taubaté. Já a GM, em São José dos Campos, demitiu 450 operários.

Obviamente, a notícia não foi recebida pacificamente pelos trabalhadores destas fábricas. Em São José, já foi decidido que se as demissões não forem canceladas, os metalúrgicos vão entrar em greve por tempo indeterminado. No ABC, uma assembléia com cerca de 10 mil trabalhadores também apontou no sentido de não aceitação deste ataque.

Até porque, os operários da Volks têm a triste experiência de ter visto a direção de seu sindicato ter aceito todas as chantagens da patronal nestes anos — topando flexibilizar direitos em salário, em troca de promessas de manutenção de emprego — e ter tido como resultado a eliminação de 9 mil postos de trabalho na empresa nos últimos 6 anos.

Hoje, além de ter menos 9 mil operários, para uma produção 40% maior (conseguindo produzir muito mais, com muito menos gente), a fábrica conseguiu impor outros ataques para os que não foram para o olho da rua: banco de horas, banco de dias, diminuição de 15% nos salários e ainda diminuir a PLR.
E cabe lembrar que a empresa ainda teve, nestes anos, isenções fiscais ou subsídios diretos por parte dos governos.

Abrir o caixa das montadoras e exigir redução da jornada sem redução do salário

A mão de obra brasileira é barata e as montadoras querem aumentar ainda mais a exploração. Nas “crises”, elas sempre dizem que estão na rua da amargura, como se estivessem quase falindo. Mas, mesmo neste semestre, segundo dados da própria Fiesp, a produção das montadoras foi 2,6% maior que a do mesmo período no ano passado. As vendas no mercado interno caíram, porém o preço dos veículos subiu 14%, em média. Por outro lado, as exportações de automóveis tiveram um acréscimo de 30%.
Este movimento por demissões tem como único objetivo a manutenção das suas altas margens de lucro e também é uma forma de chantagem para obter do governo novas rodadas de redução de impostos. E, obviamente, além de tudo, as empresas querem forçar os metalúrgicos a não reivindicarem aumento de salários, no momento em que os sindicatos estão preparando sua pauta de reivindicações para entregar à FIESP.

Os operários devem exigir a abertura dos livros das empresas e uma auditoria sobre as contas das montadoras no país. Devem exigir também, que o governo Lula — que prometeu a criação de 10 milhões de empregos e até agora só gerou desemprego — exija que as montadoras mostrem seus números verdadeiros e não demitam ninguém.
Aliás, o governo — ao invés de confiscar a aposentadoria dos servidores, para transferir mais dinheiro para os banqueiros — deveria cumprir sua promessa de geração de empregos, começando por defender e implantar, já, a estabilidade no emprego e a redução da jornada para 36h.

Que os ricos paguem pela crise. Que as multinacionais diminuam seus lucros. Chega de desemprego e exploração. Nenhuma demissão!

* Com Jocilene Chagas e Emanuel Oliveira

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Sindicato consegue reverter 450 demissões na General Motors

Post author Wilson H. Silva*,
da redação
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