Neste dia 22 de janeiro, mal iniciado o ano de 2012, eis que 2.000 policiais – apoiados por dois helicópteros, 220 viaturas e 40 cães – quebraram a serenidade da manhã de um domingo para desalojar milhares de famílias da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

Quem poderia arremeter tamanha força furiosa contra um bairro formado majoritariamente de mulheres, crianças e idosos desarmados?
Decerto, a justiça estadual paulista, o prefeito da cidade (que enviou trezentos agentes para subsidiar as operações de guerra) e os chefes da polícia possuem uma responsabilidade brutal sobre os acontecimentos.

A posição do prefeito da cidade é igualmente criminosa. Mas, sem dúvida, recai sobre os ombros do governador Alckmin a principal responsabilidade sobre o acontecido. Geraldo Alckmin, cacique do PSDB e governador paulistano, é o general de uma operação de guerra que incluiu o uso de bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e BALAS DE VERDADE contra pessoas cujo crime era o de assegurar o direito constitucional a uma moradia básica.

De resto, os que tentam justificar a barbárie não realizam outro serviço, salvo um embuste. O especialista em segurança da TV Globo tenta fazer uma apreciação técnico-jurídica do fato como forma de legitimar a militarização como resposta às demandas sociais.

O uso da polícia para tratar as questões sociais está em curso na USP, no centro de São Paulo e no Pinheirinho. Esses são três símbolos de como as classes dominantes tratam essas questões e, no estado paulistano, sob a égide do condomínio governamental tucano.

Doutro lado, é cômico afirmar que o governador pecou por omissão. Não! O governador pecou por uma ação delituosa contra milhares de famílias cujo único pecado foi procurar uma alternativa habitacional ante um regime social que as condenam à pobreza e à miséria.

Não é que o governador é evasivo quando afirma que a polícia só cumpriu uma ordem judicial. Ele é cínico! As suas mãos manchadas de sangue umedeceram a ordem judicial. De feito, governador, juízes, prefeito de SJC e forças repressivas atuaram hierarquicamente e, nessa ordem, são os responsáveis pelo massacre contra uma população indefesa.

Não é a primeira vez que a classe dominante começa um ano molhando as mãos com o sangue da população. É aterradoramente coincidente que em 22 de janeiro (9 de janeiro no velho calendário russo) de 1905, o CZAR Nicolau II autorizou os soldados a abrir fogo contra a multidão desarmada. Era também um domingo e entrou para história como o “domingo sangrento”. Quase 100 pessoas perderam a vida. No rastilho de pólvora dos acontecimentos eclodiu a REVOLUÇÃO DE 1905.

A data de 22 de janeiro de 2012 é o “janeiro sangrento” do Sr. Alckmin e ele deve responder por seu crime. No momento em que escrevemos esse texto, milhares de jovens e trabalhadores se preparam para ganhar às ruas, de uma ponta a outra do país, a reivindicar o direito à moradia da população do Pinheirinho; a exigir do governo federal uma solução para o imbróglio; mas, igualmente, denunciar o crime cujo principal responsável tem nome, sobrenome, ocupa cargo público e agora tem um nome de guerra: Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, governador de São Paulo, Czar dos trópicos.