O consórcio formado pela Shell, Total, CNPC, CNOOC e Petrobras terá o direito a explorar e produzir o petróleo da área de Libra
Redação

No dia 21 de outubro, o Governo Dilma entregou às multinacionais a maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil

O governo do PT conseguiu senão superar, ao menos se igualar, ao entreguismo tucano de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Se a marca dos governos do PSDB foi a entrega do patrimônio público nas mãos do capital financeiro, com as privatizações da Vale do Rio Doce e do sistema Telebrás, o governo Dilma será marcado para sempre pela entrega às multinacionais da maior reserva de petróleo descoberta desde 2008.
O leilão de Libra foi arrematado pelo consórcio formado pelas empresas chinesas CNPC e CNOOC, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e a Petrobras. O consórcio terá a  concessão para exploração de petróleo e gás do petróleo do Pré-sal da bacia de Santos.
CNPC, CNOOC e Petrobras têm 10% do grupo cada uma, enquanto Shell e Total têm 20% cada. Os 30% restantes também cabem à Petrobras, uma vez que as regras do leilão obrigam a petroleira a entrar como operadora do consórcio.
Estima-se que Libra tenha entre 8 e 15 bilhões de barris recuperáveis de petróleo. Mas há a possibilidade de existir ainda mais petróleo na região. Para se ter uma idéia, em 60 anos de história, a Petrobras explorou 15 bilhões de barris. Libra poderia dobrar as reservas da Petrobras, mas não foi isso o que aconteceu.
O campo, cujo valor é estimado em R$ 3 trilhões (provavelmente é muito mais), foi entregue por R$ 15 bilhões através do chamado “bônus de assinatura”.
O entreguismo do governo gerou criticas até do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em entrevista publicada por Paulo Henrique Amorim: “Ao fixar o bônus alto você tem uma visão de curto prazo, na exploração e no desenvolvimento de um recurso que já tem o grau de confirmação muito alto – não há dúvida de que tem petróleo lá – e os riscos são só os de desenvolvimento. (…) Nessa operação de R$ 15 bilhões, o governo vai receber de imediato, mas a consequência disso é que, no lucro do futuro, o governo vai ficar com uma fatia menor. (…) Como ela vai entrar com 30% do campo, ela vai ter que pagar 4,5 bilhões – 30% de 15 bilhões é 4,5 bilhões. Isso é um dreno importante no caixa da Petrobras, nesse momento”, afirma Gabrielli.
Na prática, o governo brasileiro deixou de obter um lucro imenso, que poderia ser obtidos nos próximos 30 ou 40 anos, por um punhado de dólares. Mas qual é a razão do governo do PT adotar uma medida aparentemente irracional?
O motivo é que o governo petista, diferente, inclusive, do prórpio discurso desenvolvimentista, opera sob a mesma lógica dos governos do PSDB. Queima o patrimônio público para satisfazer as necessidades do capital financeiro. No caso do Pré-sal, o objetivo era apenas  atingir a meta de Superávit Primário deste ano. Os 15 bilhões arrecadados no leilão servirão para fechar essa meta.E um terço dessa conta será paga pela Petrobras, como afirma o próprio Gabrielli.
Ao mesmo tempo, a entrega do petróleo brasileiro faz parte de um conjunto de privatizações que o PT realiza neste ano: a concessão de 7 mil km de rodovias e 10 mil km de ferrovias a iniciativa privada, além da privatização dos aeroportos e portos.
Dia 21 de outubro entra para história como a data na qual o governo do PT abriu mão de utilizar os extraordinários recursos do Pré-sal para viabilizar um programa de desenvolvimento social do país. O impacto que teria o destino da renda do Pré-sal na melhoria da saúde, educação e reforma agrária seria imenso. Mas o PT preferiu engordar os cofres das grandes petroleiras e do capital financeiro.Trata-se de mais uma traição deste governo que não poderá passar em branco por todos aqueles que dedicaram parte de suas vidas a luta por um país justo e soberano.