Lula que se cuide. O aprofundamento da crise (ao contrário da marolinha prevista pelo presidente) começa a se expressar na queda de popularidade do governo, que ainda conta com apoio majoritário entre os trabalhadores. Mais importante, no entanto, é que os trabalhadores e a juventude começaram a dar o troco.

No dia 30 de março, ocorreram mobilizações em todo o Brasil. Foi um verdadeiro dia nacional de lutas contra as demissões. Ocorreram atos de rua em todo o país, muitos deles com peso importante na vanguarda. Em várias cidades, foi o maior ato em muitos anos.

Além disso, houve algumas iniciativas importantes nas empresas, como a paralisação temporária na General Motors de São José dos Campos e nos canteiros de obras em Fortaleza, além de escolas no Rio de Janeiro. Houve também ações do movimento popular como o fechamento de estradas pelo MTST, com peso regional.

A Conlutas, corretamente, esteve no centro da criação desse ato unitário com a CUT e a Força Sindical, assim como participou das mobilizações com um peso muito importante. As colunas da entidade foram, em muitos lugares, as maiores (ou entre as mais volumosas) dos atos.

Foi também graças ao papel da Conlutas (junto com outros parceiros, como a Intersindical) que as mobilizações do dia 30 não se transformaram em atos governistas. CUT, Força Sindical e CTB tinham esse objetivo, mas a presença com muito peso de uma oposição de esquerda ao governo Lula impediu que isso ocorresse. Críticas, denúncias e exigências ao governo estiveram presentes com força nos protestos.

Basta ver o que poderia ser o dia 30 se dependesse só da CUT e da Força Sindical. Logo antes da mobilização em São Paulo, as direções da CUT e da Força estavam reunidas com o governo e as montadoras para fechar o acordo de prorrogação do IPI. Isso significa mais dinheiro público nas mãos das empresas estrangeiras, enquanto elas continuam autorizadas a demitir (por meio de PDVs e dos contratos temporários) mesmo na vigência do acordo. Não fosse o papel da Conlutas e seus aliados, os atos seriam a celebração desse tipo de acordo.

Agora, é preciso dar continuidade nacional à mobilização, o que nem a CUT nem a Força vão querer. Para a Conlutas, o dia 30 foi o início de um plano de lutas que deve levar a um dia nacional de paralisação, como aconteceu recentemente na França. Para a CUT e a Força, foi uma mobilização sem continuidade, para evitar se chocar mais com o governo e as empresas.

É preciso seguir a luta direta dos trabalhadores, aliando o eixo contra as demissões às campanhas salariais que têm data-base agora em abril e maio. As mobilizações contra as demissões têm duas expressões políticas nacionais: a campanha da Embraer e a exigência ao governo que decrete a estabilidade no emprego. As campanhas salariais já tiveram sua importância demonstrada na vitória dos petroleiros e nas mobilizações já iniciadas dos professores do Rio de Janeiro, da construção civil de Fortaleza etc.

Junto a isso, a campanha pela reestatização da Embraer vai ganhando peso nacional, sendo um dos principais temas dos discursos da maioria das correntes no do dia 30. Já existe um primeiro ato marcado pelo comitê pela reestatização da Embraer, no dia 15 de abril, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

É preciso levar para as bases o balanço do dia 30, assim como tratar da continuidade das mobilizações. Também é necessário cobrar na base das categorias que a CUT e a Força entrem na batalha junto com a Conlutas pela estabilidade no emprego e a reestatização da Embraer.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 372
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