Ato do dia 30 pode ser um marco na luta contra as demissõesEm pouco mais de cinco meses, demissões em massa eliminaram quase um milhão de postos de trabalho. Após reações iniciais, como as de trabalhadores da Vale, da Embraer e da GM, pela primeira vez o conjunto das categorias sairá às ruas ao mesmo tempo. O dia 30 de março será a primeira resposta nacional contra a crise.

O protesto está sendo convocado por diversas centrais, como Conlutas, Intersindical, CUT, Força Sindical, CTB, CGTB e outros movimentos, como MST e Pastoral Operária. Haverá protestos nas principais cidades e um ato nacional em São Paulo. Durante todo o dia, vão ocorrer paralisações nas empresas e protestos de rua unindo trabalhadores do campo e da cidade, operários e estudantes.

Crise evidente
Não são apenas os trabalhadores da indústria que temem o futuro. Todos acabarão sentindo a recessão. Como o funcionalismo público, que deve ficar sem reajuste, já que o governo estuda cortes de verbas e não pretende cumprir os acordos.

Soam estranhos os discursos otimistas do presidente. A realidade é outra. Os trabalhadores já começam a desconfiar dos “sacrifícios passageiros”, como os acordos de redução de direitos e salários. Entre os entrevistados, 59% já não aceitariam acordos desse tipo, defendidos pela CUT e pela Força Sindical.
A evolução da crise gera impactos na consciência dos trabalhadores. E as reações começam a ocorrer, como a greve petroleira, que pode ser uma das mais fortes em muitos anos.

Mas a resposta dos trabalhadores ainda não é como em outros países. Na França, milhões fizeram a segunda greve geral. Marchas convocadas pelas centrais tomaram as ruas, desafiando o governo Sarkozy. Em outros países europeus, greves operárias radicalizam-se. São os ventos da luta soprando pelo mundo.

Nesse cenário, o dia 30 tem importância decisiva. Milhares poderão participar, e os protestos podem ocupar a cena política do país, agindo como um grande chamado aos desempregados e a toda a classe trabalhadora. Liberando o potencial de resistência e fazendo dessa data um passo para um dia de paralisação nacional.

Entre as bandeiras, uma tem importância especial: a que exige a readmissão dos demitidos da Embraer e sua reestatização. O tamanho dos cortes fez dessa empresa uma luta nacional, um símbolo do momento que vivemos. Sua luta estará presente em cada ato do dia 30, em cartazes, faixas e mensagens de solidariedade.

O papel do governo nas demissões da Embraer demonstra que, também no dia 30, é preciso exigir de Lula que defenda os trabalhadores. Não basta que o presidente torça pelos trabalhadores, enquanto libera milhões para bancos e multinacionais. Por isso, os ativistas da Conlutas estarão nas ruas, exigindo de Lula um decreto que garanta a estabilidade no emprego.

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