Esse mecanismo clássico da democracia burguesa foi cumprido, fazendo com que o povo pobre, mais uma vez, votasse em candidatos e partidos que são, na verdade seus inimigos.

Mas essas eleições demonstram também que este regime está em crise. Além de analisar o voto dado pelas massas, é necessário precisar como o voto foi dado. Existe um grau de descolamento, de enfraquecimento e crise do regime, que esteve presente em todos os momentos da campanha, no primeiro e no segundo turnos.

A frieza das eleições, o descontentamento com todos os partidos, o xingamento dirigido aos políticos e seus partidos foram parte fundamental da experiência em todas as cidades. Evidentemente, existem muitas diferenças entre os diversos setores de trabalhadores e o povo pobre em geral sobre este tema. Existem expectativas em algumas parcelas de que os candidatos eleitos podem melhorar suas vidas. Em outras já não existem, e o voto é só uma forma de punir o partido governante. Esse desgaste do regime tem uma expressão maior nas grandes cidades do que nas pequenas, nos setores mais explorados dos trabalhadores e da juventude, e nos setores que mais lutaram. Mas, ainda com desigualdades, este fenômeno se expressou em todo o país.

Em geral, a quebra na grande expectativa que existia no governo se estendeu aos demais partidos e ao próprio regime. A euforia e confiança que predominava em amplas camadas de que a vida ia mudar, retrocedeu muito. Existe muita desconfiança em “tudo que está aí”, que não é captada pelo voto.
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