Sem plantar um único hectare, especuladores ganham apostando no valor da comida no futuroCom a globalização capitalista, os preços dos alimentos se tornaram parte da especulação financeira nas Bolsas de Valores. A especulação com a comida (por exemplo, o milho) é sustentada no chamado “mercado futuro”, onde são fechados contratos para os próximos meses: os especuladores fazem negócios a preços elevadíssimos para o futuro e se utilizam de manobras para que eles continuem com os preços elevados. Ou seja, os preços estão subindo também porque as bolsas de mercadorias fazem especulações sobre os alimentos do povo, antecipando que os preços da agricultura irão continuar subindo num futuro próximo.

Isso também explica o aumento do preço do feijão. Um consultor financeiro conta como funciona essa relação. Segundo ele, o cultivo do feijão foi substituído em grande escala pelo milho nos últimos anos porque, “além dos superpreços para o milho se faz um contrato de compra, existe um mercado futuro. Aí, é preferível plantar milho”, explica.

Segundo José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST, em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o preço e o comércio das commodities agrícolas em geral são manipulados “por 50 empresas que controlam quase todo o comércio agrícola nacional”. Ele aponta como exemplos os conglomerados estrangeiros, como as norte-americanas Monsanto, Cargill, a holandesa Bunge, a norte-americana-canadense ADM, a suíça Syngenta e a francesa Dryfuss.

Na área de laticínios, o mercado é manipulado por apenas três: a suíça Nestlé, a italiana Parmalat e a francesa Danone.

Mais alimentos, mais fome
O surgimento do agronegócio também levou o Brasil a uma situação surreal. Enquanto o país é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, ao mesmo tempo possui uma legião de famintos. Na última pesquisa do IBGE, de 2004, 46,6% das famílias brasileiras afirmaram ter dificuldade em obter alimentos suficientes, sendo que para 13,8% delas, a dificuldade era freqüente.

Ou seja, quanto mais cresce o agronegócio mais faltam alimentos para o povo. Isso porque o agronegócio não tem como objetivo alimentar a população, mas produzir produtos valorizados no mercado internacional.

Como funcionam as apostas: o que são as “commodities”, negociadas no mercado
1. Produtos como soja, trigo, laranja, ouro ou prata, entre outros, são conhecidos como commodities, pois podem ser armazenados por um certo tempo sem perder qualidade.

2. O valor dos produtos é negociado em uma bolsa específica, o Mercado de futuros. O capitalista pode escolher entre apostar na Bolsa de Valores, com ações de empresas, ou apostar neste mercado.

3. Ele fecha contratos, comprando lotes de mercadorias que ainda não foram colhidas ou plantadas. Ele pode apostar ainda no “boi gordo”, fechando contrato que dá direito a toneladas de carne. Os bois que estão sendo negociados ainda nem nasceram, mas o valor deles já está sendo apostado. Por isso o nome: mercado de futuros.

4. O capitalista não precisa ter onde guardar a mercadoria. Mesmo comprando uma tonelada, só precisa guardar uma folha de papel. Cerca de 90% dos contratos deste mercado são apenas especulativos, sem venda ou entrega da mercadoria. Não é preciso sujar as mãos.

5. Ele compra uma tonelada de soja com a cotação de seis meses a frente e aguarda até que o valor suba. Aí vende e compra outra mercadoria. Para garantir o lucro, os especuladores fazem de tudo para que os produtos sejam vendidos pelo maior preço possível.

6. Pequenos agricultores, que não tem como aguardar pelo melhor preço, são obrigados a vender sua plantação antes, por um valor muito abaixo do valor final que será comercializada. Essa pressão especulativa faz subir o preço do alimento que compramos.

Co o funciona a aposta

1 – Produtos como soja, trigo, laranja, ouro ou prata, entre outros, são conhecidos como commodities, pois podem ser armazenados por um certo tempo sem perder qualidade.

2 – O valor dos produtos é negociado em uma bolsa específica, o Mercado de futuros. O capitalista pode escolher entre apostar na Bolsa de Valores, com ações de empresas, ou apostar neste mercado.

3 – Ele fecha contratos, comprando lotes de mercadorias que ainda não foram colhidas ou plantadas. Ele pode apostar ainda no “boi gordo”, fechando contrato que dá direito a toneladas de carne. Os bois que estão sendo negociados ainda nem nasceram, mas o valor deles já está sendo apostado. Por isso o nome: mercado de futuros.

4 – O capitalista não precisa ter onde guardar a mercadoria. Mesmo comprando uma tonelada, só precisa guardar uma folha de papel. Cerca de 90% dos contratos deste mercado são apenas especulativos, sem venda ou entrega da mercadoria. Não é preciso sujar as mãos.

5 – Ele compra uma tonelada de soja com a cotação de seis meses a frente e aguarda até que o valor suba. Aí vende e compra outra mercadoria. Para garantir o lucro, os especuladores fazem de tudo para que os produtos sejam vendidos pelo maior preço possível.

6 – Pequenos agricultores, que não tem como aguardar pelo melhor preço, são obrigados a vender sua plantação antes, por um valor muito abaixo do valor final que será comercializada. Essa pressão especulativa faz subir o preço do alimento que compramos.
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