A primeira resposta do capitalismo frente às “revoltas da fome” foi a feroz repressão exercida pelos governos dos países onde estas ocorreram. É verdade que, ao mesmo tempo, os organismos internacionais – como o FMI e o Banco Mundial – e os próprios governos imperialistas têm insistido em afirmar sua “profunda preocupação”, bem como na necessidade de discutir e adotar medidas.

São “lágrimas de crocodilo” dos que defendem os interesses das empresas que lucram com esta crise, ou de organismos que impuseram aos países dominados as políticas econômicas que criaram as condições para a explosão desta crise. Também expressa o temor de que a “revolta dos famintos” se estenda e ameace sacudir o mundo a partir dos seus alicerces.

No melhor dos casos, suas propostas se limitam a aumentar a “ajuda humanitária” aos países afetados. Uma resposta que, há várias décadas, mostrou sua total incapacidade para resolver o problema da fome no mundo, porque não modifica (nem se propõe a fazê-lo) as causas profundas que a geraram. A total impotência de ações e declarações de organismos como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) torna-se completamente patética.

Desde o século 19, Karl Marx afirmava que a estrutura e o funcionamento do sistema capitalista levariam inevitavelmente à “miséria absoluta” de contingentes populacionais cada vez mais numerosos. Hoje, esta afirmação se apresenta em sua perspectiva mais nefasta: a fome crescente que afeta centenas de milhões de habitantes do planeta.

Na década de 90 – depois da queda da URSS e da restauração capitalista nos ex-Estados operários –, o capitalismo declarou-se historicamente “vitorioso”, como único caminho para melhorar o nível de vida da humanidade. Poucos anos depois dessa “vitória”, a “crise dos alimentos” e as “revoltas da fome” mostram os extremos de degradação a que leva o capitalismo imperialista: um sistema que não é capaz sequer de garantir o mais elementar dos direitos humanos (a comida para todos os habitantes do planeta), condenando centenas de milhões a morrer de fome.
Enquanto a produção e a comercialização de alimentos estiverem sob controle dos grandes conglomerados internacionais e grandes especuladores, não será possível mudar essa situação. A alternativa é clara e não admite meio-termo: ou a voracidade de lucros desses conglomerados ou as necessidades e a vida de centenas de milhões de pessoas. Frente a esta disjuntiva, a LIT-QI coloca-se junto aos pobres e miseráveis do mundo e contra os “donos da comida”.

Somente um sistema de economia central planificada, que utilize racionalmente os recursos existentes e se organize a serviço da satisfação das necessidades básicas dos trabalhadores e povos do mundo, poderá acabar definitivamente com a fome no planeta. Para isso, é necessário expropriar todas as grandes empresas que dominam a economia mundial. Por isso, reafirmamos nossa convicção sobre a necessidade imprescindível e urgente de uma revolução socialista internacional que liquide o sistema capitalista imperialista.

Enquanto lutamos por esta perspectiva, estamos cientes de que os famintos do mundo, assim como os trabalhadores, que vêem a fome e a miséria como uma ameaça cada vez mais próxima, precisam de respostas imediatas para resolver sua situação angustiante. A classe operária e as massas do mundo não podem esperar passivamente frente a essa realidade: têm que lutar por sua sobrevivência física. É imprescindível que a classe operária se coloque à frente de todas as massas empobrecidas para encabeçar esta luta.

Por isso, neste Primeiro de Maio, a LIT-QI faz um chamado a todas as organizações operárias, populares, sindicais e sociais a que organizem e impulsionem esta luta contra a fome dos trabalhadores e dos povos. A LIT-QI compromete-se a colocar todas suas forças a serviço desta tarefa e, nesse sentido, propõe o seguinte programa de ação. Evidentemente, é um programa geral, que deverá adotar formas mais concretas e específicas na realidade de cada país.

• Controle de preços por parte das organizações operárias e populares.
•Por reajustes de salários de acordo com o aumento dos preços dos alimentos.

• Por um salário mínimo que atenda todas as necessidades básicas de uma família (alimentos, saúde, educação e moradia).
•Controle operário das grandes empresas de alimentos. Exigência de abertura de seus livros de contabilidade aos trabalhadores.

• Basta de lucrar com a fome dos povos! Expropriação sem indenização dos grandes monopólios agroindustriais e de alimentos.

• A alimentação é um direito social, tal como a saúde e a educação. Exigimos que o Estado e os governos garantam alimentos para toda a população.

• Por planos econômicos de emergência destinados a satisfazer as necessidades básicas da população, especialmente a alimentação.

• Por governos operários e populares
que apliquem estas medidas.

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