O ministro da Articulação Política do governo Lula, Aldo Rebelo, está com os dias contados na sua atual função. Desde o início da semana aumentam as especulações sobre a sua saída do “núcleo duro” do Planalto. Os rumores ganharam ainda mais força depois que o governo sofreu mais uma derrota dentro do Congresso Nacional em função da sua mais completa desarticulação política.

Passados três meses da humilhante derrota para a presidência da Câmara, o governo segue minoritário no Congresso e continua acumulando seguidos revezes.

Na última sexta-feira, por exemplo, os líderes governistas tentaram aprovar a indicação de Sergio Renault para uma vaga no Conselho Nacional de Justiça. Contudo, o governista foi derrotado pelo candidato indicado pelo PSDB e pelo PFL. Mais uma vez, Severino Cavalcanti (PP-PE) e a base “aliada” do governo fizeram jogo duplo e levaram o governo à derrota. No mesmo dia, os parlamentares também aproveitaram um cochilo do governo para aprovar a convocação de José Dirceu, ministro da Casa Civil, para um depoimento no Senado sobre a Infraero.

Até agora, a declaração mais importante pedindo a cabeça de Aldo Rebelo, do PCdoB, foi feita por Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação da Presidência. Segundo Gushiken, “é razoável e conivente que nesse momento se tenha no papel da articulação política a representação do partido majoritário, que é o PT”. A declaração foi feita depois que Gushiken se reuniu com José Dirceu, Antônio Palocci, José Genoino e outros representantes do campo majoritário do PT. Os petistas pretendem puxar o tapete de Aldo antes que Lula embarque para o Japão, no dia 22.

Comparado ao ex-técnico do Corinthians, Daniel Passarella, cuja saída foi cercada de grande expectativa depois de sucessivos fiascos do ‘timão’, Aldo Rebelo disse que não tem interesse em abandonar o cargo e afirmou querer continuar ajudando o governo.

A folha de serviços prestados do ministro do PCdoB à política neoliberal do governo não é pequena. Aldo se orgulha de sua “eficiência” na aprovação da Lei de Biossegurança, que liberou o cultivo dos transgênicos do país, e na aprovação da reforma Tributária que aumentou a carga de impostos sobre os trabalhadores. Também teve participação decisiva na aprovação do salário mínimo de fome de R$ 260, aprovado pela Câmara no ano passado. Mesmo dando provas insofismáveis de seu compromisso com o governo neoliberal, o ministro e seu partido deverão perder espaço nos próximos dias.