O ano de 2007 começa com sinais de grandes acontecimentos. As notícias dos jornais indicam que a América Latina vive uma onda de esquerdização. Mobilizações importantes acabaram com a estabilidade relativa do México e do Chile. A Bolívia vive uma polarização crescente na luta de classes. A onda de governos nacionalistas ou de frentes populares se estende à Nicarágua e ao Equador. A derrota dos partidos identificados com o neoliberalismo prenuncia uma agudização no terreno da luta direta entre as classes no continente. Como expressão disso, o debate sobre o socialismo está se reabrindo em círculos bem mais amplos.

O Brasil ainda está na retaguarda deste processo latino-americano. O governo Lula foi vitorioso não só nas eleições, mas também no controle do movimento de massas em seu primeiro mandato. Até quando continuará existindo este capital político? Essa é uma pergunta que 2007 pode começar a responder.

Quase como um símbolo do ano que está começando, uma cratera se abriu em São Paulo, no maior acidente da história do metrô. A causa da tragédia, logo se pôde constatar, foi a política de privatizações e terceirizações implementada tanto pelo governo estadual, do PSDB, como pelo federal, do PT.

Logo depois Lula lançou o PAC, que ameaça abrir uma outra cratera, agora no bolso dos trabalhadores.

Lula está atento à explosiva situação latino-americana e, ao mesmo tempo, preso a seus compromissos com a grande burguesia. Lançou um ataque forte contra os trabalhadores, disfarçado de alavanca para o crescimento econômico.

O PAC é um plano de estímulo aos grandes empresários e de cortes nos salários e direitos dos trabalhadores. Não estamos exagerando: o governo quer definir já um plano de arrocho salarial para o funcionalismo público e a manutenção da miséria do salário mínimo pelos próximos dez anos.

Pior ainda: com o PAC, o governo deslancha sua proposta para discutir a reforma da Previdência. Ao contrário do que dizia nas eleições, o governo convocou um fórum com empresários e pelegos para discutir suas propostas de ampliar a idade mínima para a aposentadoria.

Isso tudo deve soar como um alerta a todos que participam das lutas dos trabalhadores e da juventude. É preciso contrariar a tradição do país, que diz que a vida política começa só depois do Carnaval. A batalha já se iniciou do lado de lá, é preciso preparar a luta do lado de cá. O funcionalismo público federal já começa a se preparar para uma campanha salarial unificada para enfrentar o arrocho salarial determinado pelo PAC.

A Conlutas está impulsionando com outras entidades uma Frente Nacional Contra as Reformas e, também, está sendo chamado um Encontro Nacional Aberto para preparar a luta conjunta contra as reformas neoliberais.

O ano já começou. É hora de preparar a luta, assim como discutir nossa estratégia socialista.
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