Redação

Violência faz parte da guerra social travada pelo governo e a burguesia contra os trabalhadores e a população. Nessa guerra, as negras e negros e as mulheres são as que mais sofrem

A nova edição do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) traz não apenas o aumento do número de homicídios em 2016, expressão do aprofundamento da dramática violência que vivemos, mas também o aumento da violência contra a mulher, assim como o genocídio da população negra nas mãos da polícia.

O anuário contabilizou 61.619 assassinatos em 2016, o que representa crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior. Isso dá 7 pessoas mortas a cada hora no país. Ou, é como se uma bomba atômica como a que os EUA lançaram sobre Nagasaki durante a II Guerra Mundial explodisse no Brasil.

Os estados mais violentos são Sergipe (64 a cada 100 mil habitantes), seguido de Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9).

Violência contra a mulher e feminicídio
Já os casos de estupro, segundo o anuário, aumentaram 3,5% em relação a 2015, totalizando 49.497 casos. Ou seja, a cada hora quase seis mulheres são estupradas no Brasil. Deve-se lembrar, no entanto, que casos de estupro são extremamente subnotificados, ou seja, esse número na prática com certeza é bem maior.

Já o assassinato de mulheres também é impressionante. Só no ano passado foram mortas 4.657 mulheres, o que dá 1 mulher assassinada a cada 2 horas. O anuário ressalta que, desses casos, apenas 533 foram classificados como feminicídio (assassinato ocorrido pelo fato de a vítima ser mulher), demonstrando a subnotificação também desse tipo de crime.

Negros na mira da polícia
O levantamento do fórum aponta que 4.224 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções policiais em 2016, um crescimento de 25,8% em relação a 2015 (3.330 mortes). Entre 2009 e 2016, 21.897 pessoas morreram em ações policiais. Desses, a maioria, 76%, eram negros.

De 5.896 registros de boletins de ocorrência analisados pelo fórum entre 2015 e 2016 de mortes decorrentes de intervenções policiais, 55% (3.240) eram negros contra 16,3% de brancos (963).

O anuário mostra ainda que, mesmo entre os policiais, são os negros que mais morrem. Das mortes de policiais em 2016, 437 no total, 56% eram negros.

Expressão da crise
O aumento da violência, seguido pelo aumento das mortes pela polícia, é expressão direta da crise política, social e econômica que vivemos, que transforma principalmente os grandes centros urbanos em um verdadeiro inferno para a classe trabalhadora e a população. Os números são de 2016, com certeza os que aparecerão referentes a 2017 trarão números ainda piores.

É reflexo da crise e da guerra social travada pelo governo e os banqueiros e empresários contra os trabalhadores que, além de conviverem com o desemprego em massa, perda de direitos e inflação, morrem diariamente por conta da violência.