Enquanto o presidente dos Estados Unidos diz que não vai parar de enviar soldados para o Iraque, cresce de forma assustadora o número de mercenários que atuam no país. Atualmente, entre 100 mil e 130 mil mercenários são empregados em ação na ocupação do Iraque. Os mercenários, bem mais equipados e com salários maiores, já são quase tão numerosos quanto a tropa oficial, que atualmente tem cerca de 140 mil soldados no Iraque.

Esse contingente extraordinário, não só é importante para assegurar os “negócios” de empresários dos EUA na região, como é essencial para manter a ocupação norte-americana. A maior empresa de segurança que atua no país é a Blackwater Security Consulting Company, cujo proprietário é o ex-militar e religioso conservador Erik Prince. Em 2004, quatro mercenários, ex-soldados de forças especiais norte-americana que trabalhavam para a Blackwater, foram mortos e os corpos de dois deles pendurados numa ponte perto de Fallujah.

Na última campanha presidencial dos EUA, Prince foi um dos maiores doadores da campanha de Bush, segundo o Wall Street Journal. Atualmente, a empresa tem perto de US$ 800 milhões em contratos com o atual governo. O empresário chegou a dizer que a Blackwater é “o Fedex dos Exércitos”: “Quando você tem pressa, não usa o correio normal, mas o Fedex. Nossa meta é ser o equivalente para o aparato de segurança nacional”, disse.

No site da Blackwater, está o lema da empresa: “to support security, peace, freedom, and democracy everywhere” (“para suporte da segurança, paz, liberdade e democracia em todos os lugares”).

Muitos dos mercenários foram – e continuam sendo – recrutados em antigas agências de repressão que entraram em colapso ou perderam sua importância. São, muita vezes, o tipo de gente que, por exemplo, trabalhou na polícia secreta da África do Sul, órgão cuja função era manter o regime do Apartheid, e até ex-militares chilenos da época de Pinochet.

Além disso, os mercenários atuam na mais completa impunidade, enquanto os militares norte-americanos respondem ao código de conduta do Pentágono e estão sujeitos às Convenções de Genebra. Mesmo assim, são vastas as denúncias de torturas e abusos cometidos pela tropa. Por outro lado, os mercenários são apenas regulados pela “Ordem 17”, assinada por Paul Bremer em junho de 2004, que os exime de serem julgados no Iraque por qualquer crime cometido e, agora, por uma nova lei que só os atinge se estiverem a serviço do Departamento da Defesa. A maioria, porém, responde ao Departamento de Estado. Desde março de 2003, só dois mercenários foram julgados.

O “negócio de mercenários” é, sem dúvida, um dos mais promissores da indústria bélica. Segundo o documentarista Nick Bicanic, autor de Shadow Company (A companhia fantasma), inédito no Brasil, “nos meses após a queda de Saddam Hussein, os documentos colocam os números perto de 20 mil pessoas. Agora, superam 100 mil”.

Seu crescimento no Iraque deve-se, sobretudo, a impossibilidades do governo Bush recrutar soldados do país para atuar na carnificina. Mesmo assim, a guerra de Bush continua se afundando cada vez mais.