A militância do PSTU teve atuação ativa durante todo o congresso. Nos grupos, na organização, na agitação, nas bancas, nas atividades de propaganda e nos piquetes do Opinião Socialista. Nos intervalos do congresso, centenas de jovens e trabalhadores conheceram melhor o partido.

Trabalhadores de diferentes partes do país se encontraram e trocaram experiências. Muitos participavam pela primeira vez de um congresso. Foi emocionante ver os operários da Revap, de São José dos Campos, ao lado do pessoal de Fortaleza. Em suas cidades, eles foram responsáveis por duas das principais greves deste ano. Em cada fala, um enorme orgulho ao relatar suas lutas e como derrotaram os patrões.
Um operário da construção civil do Ceará disse que quase perdeu o emprego para ir ao congresso. “Vi muita gente animada aqui. Tenho fé que só a nossa luta pode fazer com que nossa vida melhore”.

Outro, de Belém, que decidiu entrar no PSTU, mandou um recado: “Depois deste congresso, temos muito a dizer. Os patrões podem nos esperar, porque nós vamos lutar”. Para ele, a militância no sindicato, embora importante, não era suficiente. “Para transformar a sociedade é preciso uma ferramenta, o partido”, disse.

Atnágoras Lopes, também operário da construção civil, falou sobre a importância da luta política. “Um ditado diz que trabalhador não deve se envolver em política. Isso é usado pelos patrões. Falam para a gente não se meter em política para que nada mude, para que eles mantenham a sua boa vida, enquanto nós só temos miséria”, disse. “O uísque deles é a doença de nossos filhos, nós temos que nos meter em política sim”.

Ele explicou por que um partido revolucionário é necessário. “O sindicato é um meio para lutarmos e nos conhecermos. Já o PSTU é um instrumento para colocar na cabeça de cada um que devemos mudar a sociedade. Não é possível que nós, que produzimos 90% da riqueza, continuemos na miséria, enquanto uma minoria mantém os privilégios”, disse.

Na saudação do partido ao congresso, o historiador Valério Arcary também lembrou os limites da luta sindical: “Sem uma estratégia revolucionária, todo sindicalismo, mesmo o mais combativo, caminha para um beco sem saída”.

Valério participou de um encontro com a juventude do PSTU, junto de 11 jovens de Salvador, Fortaleza e São Paulo que acabaram de entrar no partido. Trícia Silva, estudante de Salvador, e Débora Manzano, da USP, representaram os novos militantes do PSTU, que atuam no movimento estudantil da área de saúde, em três estados. Sete deles faziam parte do coletivo CAUS, de Salvador.

Foram quatro meses de discussão com o partido. A militância lado a lado, porém, vem de mais tempo. O coletivo já se reivindicava marxista. Para Débora, essa nova etapa “representa a possibilidade de assumir isso de maneira concreta. Resulta em certo conforto saber que há tantos outros militantes como nós”.

Os novos militantes são motivo de orgulho para o PSTU. São ativistas que estiveram nas principais lutas dos trabalhadores e da juventude no último período. Lutadores que compreenderam a importância das greves e ocupações, mas concluíram que a única maneira de buscar uma mudança real é lutando para construir uma direção revolucionária.

“O Congresso da Conlutas demonstrou que é possível organizar os trabalhadores, construindo uma ferramenta para nossas lutas. O PSTU, que hoje é a maioria da Conlutas, dá um exemplo de que é possível dirigir uma entidade com democracia operária e respeito a outras forças”.

Julio César Soares, ativista do movimento negro e ex-militante do MTL/PSOL,
que rompeu com a organização e aderiu ao PSTU

“O PSOL responde com equívocos ao processo de reorganização política, fazendo, por exemplo, alianças com a direita, até com aliados do governo. No terreno sindical, uma parcela do partido segue na Intersindical, recusando-se a construir a tão necessária unidade dos trabalhadores. Outra parcela, MES e MTL, rompe com essa unidade saindo da Conlutas. Esses equívocos me levaram a romper com o PSOL e a cerrar fileiras no PSTU”.

Miguel Malheiros, ex-militante do PSOL

“O que nos levou a tomar essa decisão foi um conjunto de experiências práticas. Nosso movimento começou a precisar de respostas e a pensar em revolução”

Trícia Silva, estudante de enfermagem de Salvador, ex-militante do coletivo CAUS

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