É preciso repudiar os ataques aos sem-terra e defender a reforma agrária, contra o latifúndio. Aproveitamos estas páginas do Opinião para fazer também um debate sobre programa para o campo brasileiro, à luz das mudanças ocorridas após a globalização

Os ruralistas lançaram um novo ataque contra a reforma agrária. Na semana passada, a grande imprensa fez um estardalhaço após a divulgação de uma pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), uma das principais entidades ruralistas do país.
Segundo a pesquisa, 37% dos assentados não produzem nada na sua propriedade. Com esse resultado, os ruralistas pretendem mostrar uma “inviabilidade” da reforma agrária, o quanto os assentamentos são supostamente improdutivos em comparação com o agronegócio.

Mas o resultado não resiste a uma primeira análise séria sobre a metodologia. O Ibope, que geralmente faz pesquisas eleitorais e de audiência de programas de TV, realizou o levantamento em apenas nove assentamentos num prazo recorde de sete dias, entre 12 e 18 de setembro. Ou seja, não há a menor base científica nos dados da pesquisa encomendada pela CNA. Seu objetivo é claro: fazer campanha contra a reforma agrária.

Bombardeio
Nas últimas semanas, os ruralistas, a mídia e a direita se uniram numa campanha contra os sem-terra. Os ataques começaram quando 250 famílias ocuparam uma fazenda da Cutrale, empresa produtora de suco de laranja para exportação localizada no interior de São Paulo. Imagens de um trator derrubando pés de laranja da multinacional foram reproduzidas a exaustão pela imprensa para apontar os sem-terra como criminosos. O que não disseram, porém, é que a fazenda da transnacional é produto de grilagem de terras públicas.

O presidente Lula, por sua vez, deu uma ajuda a essa suja campanha de criminalização. Chamou os sem-terra de “vândalos”, para alegria dos representantes do agronegócio. Mais uma mostra de que este governo é um aliado de primeira ordem dos latifundiários e multinacionais.

Um debate necessário
É preciso repudiar com toda força os ataques contra os sem-terra e defender a reforma agrária, contra o latifúndio. No entanto, aproveitamos estas páginas do Opinião Socialista para fazer também um debate sobre programa para o campo brasileiro, à luz das profundas mudanças ocorridas após a globalização e o surgimento do agronegócio. Em nossa opinião, a defesa da reforma agrária é legítima e necessária para combater o latifúndio, mas não é suficiente para enfrentar o agronegócio.

Qual seria então o programa mais adequado a essa nova realidade? A resposta só pode surgir a partir de uma análise da situação no campo brasileiro.

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