Redação

 

As direções majoritárias do movimento de massas, como a CUT e o MST, difundem a ideia de que o governo Temer vai fazer o oposto do que Dilma faria. É mentira. Temer busca fazer justamente o que Dilma propôs e não deu conta: reforma da Previdência, mais ajuste fiscal, volta da CPMF, entre outros ataques.
É lógico que esse plano não vai ser aceito pelos trabalhadores que defendiam a saída de Dilma justamente porque estavam contra a agenda de retrocessos que o PT não conseguiu impor. Portanto, a principal tarefa para as organizações dos trabalhadores, movimentos populares e juventude é seguir na luta, agora contra Temer, para colocar abaixo esse governo e esse Congresso reacionários.
Essa mobilização não vai ser alcançada defendendo junto com o “fora Temer” o “volta Dilma”, como CUT, MST, UNE e outras organizações da Frente Brasil Popular estão fazendo. Setores da Frente do Povo Sem Medo, ligados ao MTST e ao PSOL, também insistem na tese de mobilizar pelo “fora Temer” e contra um suposto golpe da direita.
Quem vai defender o governo Dilma?
A tese do golpe não pegou entre os trabalhadores, principalmente entre os operários. Tem alguma repercussão nos meios acadêmicos e intelectuais e entre organizações de esquerda. Por isso, é necessário apontar uma saída política para a crise diferente do que esses setores propõem. A volta de Dilma é indefensável.
Se a CUT e outros setores que ainda são a maioria na direção das organizações dos trabalhadores se colocassem de fato à frente de uma greve geral para derrotar Temer, o Congresso e o ajuste contra o povo, haveria um amplo espaço para a unidade de todo o movimento sindical e popular brasileiro.
Mas a política da CUT, CTB, UNE, MST e, também, do MTST e da maioria da direção do PSOL, ao insistirem na tese da volta de Dilma, abre a possibilidade de que o movimento dos trabalhadores, que vem resistindo a todas as investidas, possa ser derrotado.
SAÍDA
Unidade para lutar contra Temer, não para Dilma voltar
É hora de discutir com seriedade esse tema nas assembleias, em encontros e com os trabalhadores em seus locais de trabalho. Nós queremos uma ampla unidade para lutar e botar para fora Temer. Mas, como a maioria dos trabalhadores e da população em geral, não concordamos em associar essa luta à volta do governo Dilma.
É como se numa fábrica fosse demitido o gerente que faz papel de bonzinho, dá tapinha nas costas, mas ferra com os trabalhadores o tempo todo. Aí chega outro gerente com cara de durão, ameaçando todo mundo e dizendo que vai botar ordem na casa. Nossa luta é para derrubar o gerente linha dura, mas não pela volta do antigo, pois os dois ferram os trabalhadores.
VAMOS À LUTA
Enfrentar desde já os ataques do governo Temer
Se a direção da CUT e das outras organizações não aceitam o conjunto da nossa pauta (como a defesa das eleições gerais e um governo de trabalhadores sem patrões), exigimos delas, então, um plano de ação para enfrentar, desde já, os ataques do governo e do Congresso, junto à CSP-Conlutas e demais entidades do Espaço de Unidade de Ação.
Um plano contra as reformas trabalhista e da Previdência, contra as privatizações e os cortes no serviço público, contra o PL das terceirizações, o ajuste fiscal, por um plano de emergência que construa moradias, faça a reforma agrária, garanta o emprego para todos com redução da jornada de trabalho.
Evidentemente, esse plano não será executado pelo governo Temer nem por esse Congresso. É por isso que precisamos derrotá-los. Aí cada organização vai dialogar com os trabalhadores sobre a sua proposta de saída da crise.
Se a CUT e as demais organizações não aceitam esse nosso chamado à unidade para lutar, significa que, na prática, apoiam os planos de Temer e do novo governo.
BORA LÁ!
Todos à reunião da CSP-Conlutas
A Coordenação Nacional da CSP-Conlutas se reúne ainda em maio e deve fazer esse debate nas suas entidades. A reunião deve votar uma posição que oriente a nossa luta contra o novo governo e, também, debater um calendário de mobilizações e preparar um plano de lutas e uma jornada de mobilizações durante as Olimpíadas. É uma reunião que vai ter um significado político importante.
Todos os ativistas devem organizar a ida de representações de suas entidades e movimentos para que a reunião possa dar passos concretos na construção da luta e de uma alternativa classista dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre contra os dois blocos políticos principais: o do novo governo de Temer e o da oposição petista e aliados, que capitula ao novo governo.