Tropa de Choque reprime manifestação pacífica, detém manifestantes, jornalistas e até pessoas que passavam pelo centro

Terminou com uma  brutal repressão a manifestação contra as injustiças da Copa nesse dia 22 na capital paulista. O protesto, que teve início na Praça da República, terminou próximo ao metrô do Anhangabaú quando, de forma gratuita, a Tropa de Choque da Polícia Militar partiu para cima e encurralou parte dos manifestantes, detendo e agredindo de forma aleatória, inclusive repórteres. A repressão da Polícia Militar transformou o centro da cidade numa grande praça de guerra, atingindo transeuntes que passavam pela região.

Forte aparato repressivo
A manifestação convocada para as 17h na Praça da República em protesto contra os gastos da Copa e em defesa dos serviços públicos começou já tensa, com um gigantesco aparato repressivo que praticamente sitiou a região central. Milhares de policiais militares, incluindo soldados da Tropa de Choque e um helicóptero, tomavam a Praça da República, cercando os manifestantes que se reuniam no local. Nem os advogados escaparam das revistas realizadas pela polícia.

No início do ato, quando a passeata deixava a praça, os cerca de dois mil manifestantes sentaram no chão e realizaram um jogral, no qual reafirmavam o caráter pacífico do protesto. A passeata foi escoltada pela PM e a Tropa de Choque e, apesar da intimidação, não houve confrontos ou qualquer tipo de provocação por parte dos manifestantes. Apesar da tensão, o clima era de tranquilidade por parte dos manifestantes que cantavam palavras de ordem como  “pula, sai do chão, essa Copa é do patrão”, em referência ao fato de os principais beneficiados com o megaevento serem a FIFA, os empresários e as empreiteiras. 

Repressão gratuita
Quando os manifestantes se aproximavam do metrô Anhangabaú, pouco depois de saírem em passeata, a Tropa de Choque partiu com violência para cima dos ativistas sem qualquer motivo, lembrando a ação realizada no dia 13 de junho. A Tropa de Choque “cortou” a manifestação, isolou o quarteirão da rua Xavier de Toledo e cercou um grupo de dezenas de manifestantes. Com cassetetes, espancavam os manifestantes, na maioria jovens, e “pinçavam” de forma aleatória pessoas que eram imobilizadas e detidas.

Pelo menos 5 repórteres e fotógrafos foram presos e agredidos. A reportagem do PSTU flagrou o momento em que um “P2” desferiu um soco em um cinegrafista do SBT. 

A imprensa foi expulsa do local com golpes de escudos e cassetetes. A partir daí, a repressão se espalhou pelas ruas do centro. Pessoas que estavam em bares próximos foram atingidas com gás lacrimogêneo e passavam mal. Até mesmo blocos de carnaval que desfilavam pela região foram atingidos. Muitas pessoas que não tinham nada a ver com o protesto choravam pelo gás e de indignação.

Pelo menos três ônibus da PM chegaram para remover os detidos que, segundo informações da imprensa, chegavam a 120. 

ATUALIZAÇÃO | O Saldo final de detidos segundo a Polícia Militar foi de 262 pessoas. Em entrevista coletiva nesse dia 23, o comandante de policiamento do centro, coronel Celso Luiz Pinheiro, admitiu que a ação da polícia se deu sem que houvesse qualquer tipo de depredação. Segundo ele, policiais infiltrados haviam detectado a ‘iminente e grave probabilidade’ da ‘quebra da ordem’, o que teria dado início à repressão.

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