É necessário unificar as mobilizações em torno de uma grande greve no dia 30, contra a política econômica do governo Dilma

O dia nacional de paralisações e manifestações convocado pelas centrais sindicais, no dia 11 de julho, marcou de forma contundente a entrada da classe trabalhadora, com suas organizações e métodos de luta, na onda de protestos que varreu o país. Apesar do esforço de grande parte da imprensa em dizer que a greve nacional foi um fracasso, o fato é que a jornada de luta foi a maior onda de greves nacionais desde a década de 1980, parando grandes centros industriais, refinarias e portos por reivindicações como a redução da jornada e o reajuste nos salários.

Dando continuidade ao processo de mobilização, as centrais definiram o dia 30 de agosto como um novo dia de mobilizações, com paralisações em todo o país. A CSP-Conlutas propôs que esse dia fosse convocado como um dia de greve geral pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores. As outras centrais, contudo, não aceitaram. De qualquer forma, a convocação do dia 30 já é uma vitória, pois marca uma continuidade da luta.

Nada está garantido, porém. No dia 11 de julho, a CUT e outros setores alinhados ao governo tiveram como política o apoio ao plebiscito sobre a reforma política, numa clara tentativa de desviar o foco das mobilizações para apoiar o governo. Mas foram derrotados e não conseguiram impor essa orientação. Contudo, a disputa continua.

Disputa
A verdade é que as direções das entidades pelegas e governistas estão sendo obrigadas a convocar as mobilizações pela pressão das bases nessa conjuntura de ascenso. Mas isso não muda o caráter dessas entidades. Vão tentar de tudo para desviar as manifestações e impedir que cresçam a ponto de colocar em xeque a atual política econômica do governo.

Isso significa que, para garantir a própria existência do dia 30 de agosto e a manutenção de seu caráter e das reivindicações, será necessária uma forte convocação na base das entidades sindicais, estudantis e dos movimentos sociais e populares. Ou seja, será preciso construir na base as paralisações e protestos.

Da mesma forma, será necessário unir ainda mais as mobilizações da classe trabalhadora com o ascenso desatado em junho, que tem a juventude como principal força propulsora. Para isso, os novos organismos surgidos no calor dos protestos – como o Fórum de Lutas do Rio, o Bloco de Lutas de Porto Alegre, a Assembleia Popular Horizontal de BH, o Mais Pão, Menos Circo de Fortaleza e outros – têm um papel determinante. É fundamental que os ativistas e entidades envolvidos na construção desses organismos votem a sua participação no dia 30, unificando o dia de paralisações às lutas que já vêm ocorrendo, como o “Fora Cabral”, no Rio, e as ocupações das câmaras municipais e prefeituras.

Derrotar a política econômica de Dilma
A CSP-Conlutas está a serviço de impulsionar as lutas pela base e conferir um caráter explicitamente antigovernista às mobilizações. Daí a importância do seminário ocorrido nos dias 17 e 18 de julho, em Porto Alegre, que reuniu, além da central, setores como CUT Pode Mais, Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA). Fortaleceu-se um campo antigovernista e independente para intervir nesse processo.

Um programa dos trabalhadores
– Chega de dinheiro para as grandes empresas! Dilma, rompa com os banqueiros! Por um plano econômico a serviço dos trabalhadores e da juventude!

– Nenhum dinheiro para os bancos! 10% PIB para a educação pública! 10% do orçamento para saúde pública! 2% PIB para transporte público!

– Aumentos salariais já! Redução e congelamento dos preços dos alimentos e tarifas!

– Fim dos leilões do petróleo! Petrobras 100% estatal! Reestatização das empresas privatizadas!

– Greve geral para impor um plano econômico a serviço dos trabalhadores e da juventude!

– Passe livre para todos os estudantes e desempregados! Estatização dos transportes e tarifa-zero!

– Salário dos parlamentares igual ao dos professores! Prisão e expropriação dos bens dos corruptos e corruptores! Revogabilidade dos mandatos!

– Nenhum dinheiro a mais para as grandes empresas! Recursos púbicos para os serviços públicos e valorização dos servidores!

– Desmilitarização das Polícias Militares! Fim da repressão e infiltração policial nos movimentos!

– Contra a opressão a mulheres, negros e homossexuais! Fora Feliciano! Trabalho igual, salário igual! Contra a violência às mulheres! Criminalização da homofobia! Abaixo o genocídio dos negros nos bairros pobres!

– Nem direita nem PT: trabalhadores no poder!