Tony Blair anuncia retirada parcial das tropas do IraqueNo dia 21 de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sofreu um novo golpe com o anuncio do Premier inglês Tony Blair de que iniciaria a retirada das tropas do Reino Unido que ocupam o Iraque. Em um discurso na Câmara dos Comuns, Blair afirmou que nos próximos meses retiraria 1.600 soldados, passando assim de um contingente de 7.100 homens para 5.500.

O anuncio foi feito no momento em que o presidente norte-americano tenta convencer ao Congresso e à população dos EUA sobre a viabilidade e a oportunidade de seu novo plano de envio de reforços para as tropas ocupantes. A pronunciamento de Blair é especialmente incômodo para Bush por duas razões:

A primeira é que a cada dia fica mais difícil encontrar nos EUA a confiança nos planos de Bush. A pesada derrota eleitoral, atribuída por todos os observadores ao rechaço da maioria da população à condução oficial da guerra, se soma à oposição de uma importante parcela das classes dominantes ianques que exigem uma modificação da política antes que o pântano do Iraque termine numa derrota completa para eles. Frente a essas pressões, Bush responde com um aprofundamento de seus planos de agressão, ao anunciar no mês passado o envio de mais 21.500 soldados para “pacificar” Bagdá. Ao mesmo tempo, faz uma enorme chantagem aos aiatolás iranianos, ameaçando com bombardeios ao país, caso não aceitam se subordinar às ordens imperiais.

Em segundo lugar, o anuncio de Blair vem de alguém que foi o mais incondicional aliado de Bush, que não duvidou em seguí-lo na invasão ao Iraque sem se importar pelos custos políticos que isso acarretaria.

Tal servilismo custou a Blair boa parte de seu capital político. No ano passado o premier teve que anunciar que abandonaria o cargo de Primeiro Ministro em 2007. O retrocesso nas ultimas eleições legislativas britânicas também foram um claro exemplo disto.

Quando um personagem da importância de Blair começa a se afastar de Bush revela, no mínimo, o grau de fragilidade das posições do presidente norte-americano. Podemos aplicar neste caso, sem medo de nos enganar, o velho ditado: “quando o barco afunda os ratos fogem”.