Mesmo com essa direção, grandes lutas ainda se desenvolvem no país. A principal delas, a greve dos bancários, caminha para a segunda semana. A paralisação começou no dia 24 de setembro e foi resultado da intransigência dos banqueiros na mesa de negociação durante a campanha salarial.

Apesar dos lucros estratosféricos (só neste semestre os maiores bancos lucraram mais de 14 bilhões de reais), os banqueiros ofereceram um reajuste irrisório aos funcionários de apenas 4,5%, ou seja, que apenas repõe a inflação. Além disso, a proposta de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) oferecida é menor que a do ano passado.

A greve nacional dos bancários, assim como a mobilização nos Correios, começou já muito forte, paralisando a categoria em todos os estados simultaneamente. E qual o papel da direção nela? A Contraf – CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro), dominada pela Articulação, reivindica um índice de reajuste extremamente rebaixado. Eles pedem 10%, enquanto a categoria amarga uma defasagem salarial de 24%. Ou seja, o índice imposto pela Contraf é menos da metade das perdas.
Se essa defasagem já é grande no geral, nos bancos públicos é ainda maior. Os bancários do Banco do Brasil acumulam perdas de mais de 80%, enquanto esse índice supera os 90% na Caixa Econômica Federal. No caso dessas instituições, a direção da Contraf joga um papel ainda mais traidor. Nega-se a exigir mesas específicas de negociação para empurrar acordos rebaixados a toda a categoria.

Nas últimas rodadas de negociação, esse papel ficou ainda mais nítido. Os banqueiros e o governo concentram as negociações em torno da PLR, deixando a questão do reajuste salarial de lado. As direções, por sua vez, entram nesse jogo e chutam os salários para o escanteio.

Petroleiros vão à luta
Outra categoria de peso que está em plena campanha salarial são os petroleiros, uma das de maior tradição de luta no país. Aqui também se mostra o papel conciliador da direção sindical, representada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), geralmente mais preocupada em proteger o governo que em garantir conquistas à categoria.

Nesta campanha salarial, a direção da Petrobras teve a coragem de propor aos trabalhadores um índice que repõe apenas a inflação. A proposta desconsidera os enormes lucros da empresa no período e a descoberta do pré-sal, com a consequente perspectiva de aumentos consideráveis nos lucros.
Com isso, a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), composta por seis sindicatos e na qual atua também a Conlutas, aprovou greve a partir de 15 de outubro. A entidade exige aumento real nos salários, não às terceirizações e melhoria nas condições de trabalho dos petroleiros, além do fim da discriminação entre trabalhadores da ativa e aposentados.

A FUP, por sua vez, há anos impõe uma política de acordos rebaixados e já tem fama de vender os direitos dos aposentados. Nos últimos anos, tem crescido cada vez mais a diferença com os trabalhadores da ativa.

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