Deputado do PT, André Ceciliano, eleito presidente da Alerj. Foto Thiago Lontra/Alerj
Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

Cyro Garcia, do Rio de Janeiro

No dia 2 de fevereiro, enquanto ocorria no Senado Federal uma tumultuada sessão em que foi eleito o senador Davi Alcolumbre (DEM) para a presidência da casa, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro se reuniu para votação da nova Mesa Diretora da Alerj do biênio 2019-2020.

Na Alerj, o deputado André Ceciliano (PT) encabeçou Chapa Única “Arrumação”, que foi eleita com o apoio da maioria dos deputados, desde o DEM de Samuel Malafaia até o PSOL de Marcelo Freixo, e, inclusive, do novo governador Wilson Witzel (PSC), que defende dar salvo conduto para a polícia atirar para matar. O anúncio desse amplo apoio gerou reação nas redes sociais. O filho mais velho de Bolsonaro até postou no Twitter que apresentaria uma candidatura alternativa para a presidência da Alerj, que não foi apresentada e sete dos doze deputados do PSL se limitaram a se abster e garantir a presidência da Comissão de Orçamento para Rodrigo Amorim, do partido.

Seis deputados presos pela Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio, não foram empossados e não participaram da votação. São eles: André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius Neskau (PTB). O 6º deputado eleito impedido de ser empossado é Anderson Alexandre (Solidariedade). Essa é uma das primeiras questões que a nova mesa diretora da Alerj enfrenta.

O novo presidente da Alerj, que presidia a casa na aprovação do “Plano de Recuperação Fiscal” que retirou direito de servidores e da população, já defendia, antes da sua eleição, a posse dos deputados presos. Agora, fala em dar posse aos presos, para, depois de se licenciarem, os respectivos suplentes assumirem. Projeto apresentado pela deputada Renata Souza (PSOL), que defende a posse direta dos suplentes, também encontra dificuldade, pois tem até suplente preso como é o caso do Coronel Jairo (SD). Vale lembrar que Ceciliano já havia votado pela liberdade de Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB, aprovada pela Alerj. Eles foram presos pela Operação Cadeia Velha que investiga as propinas pagas aos políticos através do esquema da “caixinha” da Fetranspor das empresas de ônibus.

As denúncias de corrupção na Alerj se sucedem a cada dia. Relatório do COAF, que deu base à investigação pelo Ministério Público de Queiroz, então motorista do deputado Flávio Bolsonaro (PSL), também relaciona funcionários do gabinete de André Ceciliano (PT), que totalizam mais movimentações financeiras suspeitas de acordo com o órgão.

O que ocorre na Alerj é um verdadeiro acinte com os trabalhadores e o povo pobre do estado do Rio de Janeiro que sofrem com a miséria e insegurança crescente fruto dos desmandos dos governos do MDB, PT, PSDB. O estado do Rio de Janeiro tem o maior índice de desempregados do país, a saúde pública agoniza e a violência policial é responsável pelo genocídio da juventude pobre e negra.

A eleição da Alerj desnuda não só o “toma lá, dá cá” da velha política, que impera no país mesmo com os novos governos, mas demonstra também que a justa crítica do PSOL ao PCdoB pelo apoio à eleição de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara dos Deputados (argh!) não passa de uma escaramuça, pois no Rio de Janeiro, onde inclusive tem maior peso, apoiou Chapa única com o que há de pior na política.

O PSOL ao defender a “luta pela construção de uma ampla frente democrática e popular contra o governo Bolsonaro”, como afirma em nota, não difere do PCdoB, que em resposta defende uma “oposição ampla e vigorosa ao governo Bolsonaro”. Em verdade, “Frente Ampla” ou “Frente Antifascista” são variações de uma mesma política de conciliação de classes, que foi empreendida pelo PT, de aliança com setores burgueses “progressistas” como Sarney, Renan Calheiros, Temer, Sérgio Cabral que teve resultados desastrosos para os trabalhadores e abriu espaço para alternativas reacionárias como Bolsonaro e Witzel.

O que os trabalhadores precisam é de uma frente única para lutar contra a reforma da Previdência, as privatizações, por empregos, salários, terra e moradia. Para isso, é preciso que as centrais sindicais, entidades e movimentos sociais construam uma Greve Geral pois só através da organização e luta dos trabalhadores e do povo pobre vamos conseguir barrar os planos de ajustes dos novos governos e dos grandes empresários.