Desde a noite de 11 de julho, uma nova onda de ataques, organizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), atingiu o estado de São Paulo. Foram registrados 121 atentados nesses dois dias, atingindo bases da polícia, prédios públicos, bancos, ônibus, estações de metrô e supermercados, e provocando oito mortes. Somente entre quarta e quinta-feira, foram 29 ataques a ônibus na capital, o que fez com que a cidade amanhecesse sem a circulação dos coletivos. Também foram registrados ataques em Campinas, Jundiaí, Piracicaba, São Carlos, Juquitiba, São Vicente, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Poá e Sumaré.

Os indícios são de que os ataques devem continuar. A Inteligência da Polícia Militar, segundo informação divulgada pela Agência Estado, diz que os ataques devem se prolongar até o fim deste ano.

Os cartazes deixados nos locais atacados com a frase “contra a opressão carcerária“ jogam nas mãos dos governos e autoridades a responsabilidade pelo caos instalado. Enquanto isso, o governo age como se não fosse com ele. Pouco antes do início desta segunda onda de ataques, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), que estava em um evento em Campinas no dia 11, afirmou que o comando do PCC “não domina mais“ os presídios e que a situação no setor “está sob controle“. “Acabou a presença do comando do PCC nos presídios. Você pode estar certo disso. Hoje quem domina é a sociedade, com presença dos agentes e secretários de Estado“, afirmou o governador, pouco antes da realidade lhe provar o contrário.

Não menos patético, Lula tenta se aproveitar eleitoralmente do caos e novamente se dispõe a “mandar tropas federais”. A ineficácia desta política já foi comprovada no Rio de Janeiro, onde o exército, depois de duas semanas reprimindo a população, só conseguiu reaver fuzis roubados depois de negociar com os bandidos.

Os governos e a segurança
Os trabalhadores e estudantes têm razão ao repudiar a ação de grupos como o PCC, pois são esses trabalhadores as maiores vítimas, que ficam sem transporte e sob um clima de pânico. Vale lembrar que a maioria dos ataques forma feitos nos bairros operários da capital paulista. O PCC é uma organização criminosa que está associada a setores do aparato do Estado. Prova disso, são as ramificações dessa organização entre a polícia, instituições do governo e presídios.

E têm também razão ao responsabilizar os governos federal e estadual pela situação atual. Até porque esses mesmos governos usam esses ataques para justificar uma repressão mais dura aos trabalhadores e à juventude negra, como ocorreu há dois meses atrás, após a primeira onda de ataques do PCC.

Tudo isso atesta a falência da política de segurança tanto do governo estadual (PSDB-PFL) como do federal (PT). Em todas as campanhas eleitorais (e nas próximas isso deve se repetir) eles falam sobre a falta de segurança e apontam como solução aumentar os efetivos policiais ou usar as Forças Armadas como polícia. Em nenhum momento colocaram em questão o modelo econômico e a corrupção do Estado, da polícia e da justiça, que são as verdadeiras causas da violência e de outros problemas que assolam o país.