Perto das 17h do último domingo, 19 de abril, trabalhadores sem-terra do MST, acampados desde o dia 28 de fevereiro, na entrada da fazenda Espírito Santo, no Pará, marcharam rumo à sede da mesma. Eles foram recebidos a tiros pelos capangas contratados de duas empresas particulares, Atalaia e Marca Segurança. O resultado foi oito pessoas feridas, um dito segurança e sete trabalhadores, entre os quais um em estado grave.

A fazenda faz parte da Agropecuária Santa Bárbara, pertencente ao megaespeculador e corrupto Daniel Dantas, do grupo Opportunity. Segundo o MST, Dantas e seus empreendimentos dispõem de 49 fazendas no Pará, ou seja, corrompe e especula por um lado e lava dinheiro concentrando terras por outro, ainda que para isso ameace a vida de trabalhadores.

O clima permanece tenso, pois nem os trabalhadores se retiraram do acampamento montado na entrada da fazenda, nem os jagunços abandonaram a sede. O governo do Pará deslocou uma equipe da PM ao local. O governo federal ofereceu a guarda nacional. O objetivo seria desarmar a região, mas diante da pressão dos fazendeiros o resultado pode ser o cumprimento dos mandatos de reintegração de posse já existentes contra as diversas ocupações.

O papel da imprensa
Usando um avião da Agropecuária Santa Bárbara, uma equipe da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, cobriu o confronto e prontamente saiu em defesa da milícia armada de Dantas, dizendo que fora obrigada pelo MST a servir de “escudo humano”. A grande questão é que as imagens divulgadas demonstram que a equipe jornalística estava junto aos jagunços e na frente dos trabalhadores sem-terra.