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Cerca de três milhões de pessoas realizaram protestos em todo o país, segundo sindicatosMais uma greve geral paralisou a França nesta quinta-feira, dia 19. A segunda greve geral em menos de dois meses foi convocada pelas oito centrais sindicais do país (CGT, CFDT, FO, CFTC, CFE-CGC, Unsa, FSU e Solidarias) e promoveu 213 ações de protestos em toda a França.

Como na última paralisação do dia 29 de janeiro, o protesto foi contra a injeção bilionária de dinheiro público nos bancos franceses, realizada pelo governo Sarkozy, e pela exigência de ajuda aos trabalhadores vítimas da crise.

“O pior de tudo é ver o executivo desbloquear num só golpe os bilhões para salvar os bancos. Durante anos eles disseram que não havia margem de manobra para o Estado intervir com ajudas nas escolas, hospitais ou na Justiça”, explicou indignada uma funcionária pública que participou dos protestos em Paris.

Só no primeiro mês do ano, a crise e o desemprego afetaram 90 mil franceses. A greve geral de 29 de janeiro, que reuniu 2,5 milhões em protestos em toda a França, segundo sindicalistas, tocou o sinal de alerta no governo. O medo da burguesia de uma revolta social é permanente. O ex-primeiro ministro Jean-Pierre Raffarin aconselhou o governo de direita a ter uma linha prudente diante dos protestos. Para ele as manifestações devem “ser respeitadas, porque há muita inquietude na sociedade”.

Depois dos protestos de 29 de janeiro, Sarkozy apresentou um pacote de ajuda de 2,6 bilhões de euros para ajudar os desempregados. Dessa forma, tentava aliviar a pressão social sobre o governo. Mas a tática não está funcionando. Agora, na véspera da nova paralisação, o governo fez questão de dizer que não vai ampliar a ajuda às vítimas da crise.

Nas últimas semanas, a demissão de mais de 500 trabalhadores da petrolífera Total, pouco depois de a empresa ter apresentado lucros de 13,9 milhões de euros, causou ainda mais indignação nos franceses e fez aumentar o apoio aos grevistas.

Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Liberation, a grande maioria da população apóia a jornada de greve, inclusive os eleitores de Sarkozy: 62% dos entrevistados, 42% eleitores de Sarkozy, se dizem solidários à greve. Quanto aos motivos da paralisação, o apoio sobe para 78%, 53% entre os eleitores do governo.

Paralisações
Já no início da manhã do dia 19, o sistema de transporte começava a ser afetado pela greve. No aeroporto de Orly foram cancelados pelo menos um terço dos voos e os ferroviários também cruzaram os braços.

Os trabalhadores da Caterpillar de Grenoble ocuparam a fábrica em protesto contra a demissão de 733 trabalhadores. Os operários da fábrica Continental da Sony, em Clairoix, ameaçada de fechamento, saíram em passeata pela manhã. Recentemente, os trabalhadores dessa fábrica tomaram uma atitude desesperada e detiveram os diretores da empresa por uma noite. Eles obrigaram a diretoria a abrir negociações.

“Estas ações mais ou menos radicais, já vistas num passado muito próximo, se estendem no contexto social atual. Muitos assalariados em meio ao conflito social tentam chamar a atenção da mídia para não serem esquecidos”, alertou um analista do Liberation.

Muitos operáios estão furiosos depois que os patrões aumentaram para 39 horas a jornada de trabalho em 2007. Agora, depois de lucrarem como nunca, as empresas demitem em massa.

Houve também uma forte mobilização nas universidades francesas, que há meses protestam contra a reforma do ensino superior. Nos últimos dias, metade delas estavam em greve.

Em Paris, uma imensa passeata saiu da Praça da República em direção à Praça da Nação, com 350 mil pessoas, segundo a CGT.

Na cidade de Orleans, o objetivo era realizar uma grave maior do a do dia 29 de janeiro. Os protestos reuniram trabalhadores do setor público e do setor privado.

Em Marselha, cerca de 320 mil pessoas, segundo os sindicatos, protestaram. Em Toulouse, uma passeata percorreu as ruas da cidade e todo o setor de transporte foi paralisado.

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